Eduardo Cunha: Rosso afirmou que a medida do STF não altera o processo de impeachment da presidente Dilma (Ueslei Marcelino / Reuters)
Da Redação
Publicado em 5 de maio de 2016 às 12h43.
Brasília - Em uma manhã agitada e atípica para uma quinta-feira na Câmara dos Deputados, líderes partidários se acotovelavam no Salão Verde para comentar e comemorar o afastamento do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) da presidência da Casa.
No plenário, parlamentares se revezavam em discursos para defender a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Teori Zavascki.
Candidato a sucessor do peemedebista, Rogério Rosso (DF), líder do PSD e ex-presidente da comissão especial do impeachment da presidente Dilma Rousseff, lembrou que o afastamento de um presidente da Câmara é "novidade na República", mas que não há dúvidas de que a decisão da Corte será cumprida. Para Rosso, o comando da Casa agora é do vice Waldir Maranhão (PP-MA). "Por isso existe essa linha sucessória", justificou.
Rosso afirmou que a medida do STF não altera o processo de impeachment da presidente Dilma. "Não há que se confundir, fazer conexões com o impeachment", afirmou.
Líder da Rede, partido que entrou com a ação pedindo o afastamento de Cunha no STF, o deputado Alessandro Molon (RJ) lembrou que o primeiro movimento de legendas pedindo a saída de Cunha aconteceu em novembro passado, quando os deputados recorreram à Procuradoria-Geral da República (PGR).
Molon disse que Teori tomou uma decisão "corajosa", que o ministro compreendeu a urgência da situação e que sua sensação é que ela será confirmada pelo pleno da Corte.
Para Molon, o peemedebista não podia usar o mandato, a presidência da Câmara, e ficar impune. "Ele podia muito, mas não podia tudo. O limite dele é a lei", comemorou.
A expectativa do líder é de que Cunha se enfraqueça politicamente agora e que o processo por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética se acelere.
"Não ganhamos ainda a guerra, mas ganhamos certamente uma das batalhas mais importantes da Casa", resumiu Molon.
Outro a celebrar a decisão do STF foi o líder da bancada do PSOL, Ivan Valente (SP). O parlamentar considerou a decisão tardia, mas acredita que a mesma que contribuirá para não desmoralizar a Câmara.
"Nunca ele poderia ter presidido o processo de impeachment. Cunha mancha o Congresso Nacional", comentou.
Valente também prevê o enfraquecimento do peemedebista e diz que dificilmente seus aliados continuarão o apoiando na Casa.
"Cunha é do tipo que cai atirando. Tem muita gente com medo dele", declarou.
A deputada Luiza Erundina (PSOL-SP) - que recentemente numa rebelião em plenário sentou-se na cadeira de Cunha - definiu o afastamento de Cunha como "vitória da democracia" e disse que a Casa precisa resgatar sua credibilidade.
"A Casa deveria ter afastado há muito tempo esse deputado corrupto", afirmou.
Ela condenou o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff e a ascensão do vice-presidente da República Michel Temer ao Poder. "Que situação é essa? Que País é esse?", desabafou.