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Da Redação
Publicado em 21 de agosto de 2013 às 17h39.
Brasília - O Conselho de Ética e de Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputados rejeitou nesta quarta-feira, 21, o parecer que pediu a cassação do mandato do deputado federal Carlos Leréia (PSDB-GO), suspeito de envolvimento no esquema do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.
Por 12 votos contrários, três favoráveis e uma abstenção, um novo relator foi designado para analisar o caso.
O novo relator é o deputado Mauro Lopes (PMDB-MG) e seu parecer deverá ser votado no dia 28 de agosto. O novo parecer não poderá mais pedir a cassação do parlamentar tucano. Lopes poderá pedir penas alternativas ou o arquivamento do caso.
O relator do caso Leréia que acaba de ser derrotado no Conselho de Ética é o deputado catarinense Ronaldo Benedet (PMDB-SC), que pediu a perda do mandato de Leréia.
Em seu voto, ele rebateu os argumentos da defesa do tucano e destacou que, "a partir do exame (de gravações telefônicas obtidas pela Polícia Federal), torna-se impossível acreditar que o representado (Leréia) não tivesse amplo conhecimento das atividades ilícitas realizadas pelo contraventor".
"Fica ainda evidente a participação do parlamentar na intermediação dos interesses buscados por Carlinhos Cachoeira", disse Benedet em seu voto.
O argumento de Benedet vai contra a alegação do advogado do tucano, Getúlio Humberto Barbosa de Sá, que na semana passada havia afirmado que a relação entre seu cliente e Cachoeira era apenas de amizade.
"(Leréia) não tinha conhecimento de qualquer questão ilegal que o Carlos Cachoeira havia cometido", argumentou Barbosa de Sá na sessão da semana passada, quando um pedido de vista adiou para hoje a discussão do parecer do relator.
O ex-relator Benedet defendeu que o deputado Carlos Leréia beneficiou-se do esquema de Carlinhos Cachoeira e trabalhou para que o contraventor alcançasse seus objetivos. Benedet também escreveu em seu voto que as conversas gravadas revelam que Leréia recebeu dinheiro entregue por Cachoeira e por outros integrantes da quadrilha.
"Há diálogos que revelam o recebimento de, ao menos, R$ 85.000 pelo Deputado Antônio Carlos Leréia", escreveu Benedet. As conversas também mostram que o tucano atuou para conseguir a transferência de um delegado da polícia civil de Goiás que investigava os jogos de azar no Estado, segundo Benedet. Além do mais, as gravações demonstraram que Leréia avisou Cachoeira da existência de uma investigação policial, de acordo com relator derrotado.
Para Benedet, as práticas de Leréia são semelhantes às que levaram à cassação do ex-senador Demóstenes Torres.