Henrique Meirelles: caso envolve o vazamento de 13,5 milhões de documentos financeiros (Adriano Machado/Reuters)
AFP
Publicado em 6 de novembro de 2017 às 14h34.
Última atualização em 6 de novembro de 2017 às 14h35.
Os ministros da Fazenda e da Agricultura, Henrique Meirelles e Blairo Maggi, negaram nesta segunda-feira irregularidades nas entidades ligadas a seus nomes que aparecem mencionadas nos "Paradise Papers", sobre operações financeiras offshore.
Meirelles, ex-presidente do Bank Boston, indicou em uma nota que a "Sabedoria Foundation" é uma entidade filantrópica criada para destinar parte de sua herança ao setor da educação no Brasil.
"A entidade foi constituída quando o Sr. Meirelles dirigia uma organização internacional e morava nos Estados Unidos. Por isso ela foi criada no exterior (...) A doação para constituição da entidade foi declarada no Imposto de Renda. A estrutura filantrópica está inativa e assim deverá permanecer até o falecimento do Sr. Meirelles", afirma a nota.
Após retornar ao Brasil, Meirelles presidiu o Banco Central entre 2003 e 2010 e atualmente é ministro de Michel Temer.
Por sua vez, Maggi, poderoso empresário do agronegócio, esclareceu em um comunicado que "não é e nunca foi beneficiário direto da Amaggi Louis Dreyfus Zen-Noh International Ltda", uma associação entre o grupo familiar AMAGGI, do qual o ministro é acionista, e Louis Dreyfuss Commodities, registrada nas Ilhas Cayman para operar futuros de matérias-primas, segundo revela a investigação do Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ, na sigla em inglês).
AMAGGI indicou posteriormente que seus acionistas "recebem rendimentos da subsidiária estrangeira de forma indireta", situação "perfeitamente regular e legal para as legislações do Brasil e das Ilhas Cayman". Consultada pela AFP, a empresa acrescentou que "desde que ingressou na vida pública, o sr. Blairo Maggi não possui qualquer função na administração da AMAGGI (bem como de quaisquer outras empresas do grupo), seja na gestão executiva ou no conselho de administração".
Dezoito meses depois dos "Panama Papers", relacionados com fraudes fiscais, o ICIJ, que reúne 96 meios de comunicação de 67 países, começou a divulgar os "Paradise Papers".
A entidade usou como base o vazamento de 13,5 milhões de documentos financeiros, procedentes fundamentalmente de um escritório internacional de advocacia com sede nas ilhas Bermudas, Appleby, obtidos pelo jornal alemão Süddeutsche Zeitung.
O veículo brasileiro que participou da investigação, o portal Poder360, publicou que Jorge Paulo Lemann, acionista da gigante InBev e do Burger King, aparece vinculado a 20 empresas radicadas "em países que cobram poucos ou nenhum imposto".
Lemann enviou uma nota ao portal indicando que "mudou sua residência fiscal para fora do Brasil" devido a expansão de seus negócios.