Veja, agora, como Sergio Moro encara a corrupção (Flavio/Biofoto/EXAME.com)
Raphael Martins
Publicado em 24 de setembro de 2015 às 15h55.
Última atualização em 2 de agosto de 2017 às 13h28.
São Paulo – Em evento a empresários de São Paulo, o juiz federal Sérgio Moro, responsável pela Operação Lava Jato, disse que a lentidão dos processos pode deixar impunes os condenados da investigação.
Moro pregou reformas jurídicas para acelerar os trâmites e comparou o sistema da Lava Jato com a Operação Mãos Limpas, versão que deteve a máfia italiana Cosa Nostra nos anos 90 e teve 40% dos condenados beneficiados pela prescrição dos crimes. "A justiça italiana tem o mesmo problema que a nossa: é extremamente morosa."
Para perseguir mudanças, o juiz defendeu também uma reforma estrutural da iniciativa pública e privada para evitar novos casos de corrupção. Em discurso que se equivale à sua fala no EXAME Fórum de 2015, Moro insistiu que empresários mantenham uma postura de correção, caso contrário, passam a ser "parte do problema".
"A iniciativa privada tem papel importante em dizer 'não' aos casos de corrupção. Muitas vezes o empresário pode ser extorquido, mas assim ele se torna vítima e não parte do crime", disse. "Em situações como essa, é preciso levar o caso às instituições legais."
Ao finalizar, citou os investigadores italianos em forma de lição: "Uma população que paga propina é uma população sem dignidade".
Em primeira declaração sobre a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) em relação ao fatiamento da Operação Lava Jato, Moro preferiu a discrição e saiu pela tangente. “Um juiz tem uma série de limitações ao que pode falar, com relação a investigações e decisões de órgão superiores, então não me sinto confortável em responder a essa pergunta”, disse.