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Para Moreira Franco, gravações de Calero são “espetacularização”

"Querem espetacularizar algo que a vida está mostrando que não é nada", disse secretário de Programa de Parceria de Investimentos

Moreira Franco: "não tem absolutamente nada que incrimine a atitude séria do presidente da República", disse (Antonio Cruz/Agência Brasil/Agência Brasil)

Moreira Franco: "não tem absolutamente nada que incrimine a atitude séria do presidente da República", disse (Antonio Cruz/Agência Brasil/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 29 de novembro de 2016 às 20h05.

Brasília - O Secretário de Programa de Parceria de Investimentos (PPI), Moreira Franco, disse que as gravações feitas pelo ex-ministro da Cultura Marcelo Calero sobre supostas pressões feitas por integrantes do governo para a liberação da obra onde o ex-ministro Geddel Vieira Lima comprou um apartamento na planta "não tiveram impacto nenhum".

Até o momento, apenas um dos trechos das gravações, que não aparece Moreira Franco, foi divulgado pela imprensa. A preocupação do Planalto são com as gravações que podem atingir Moreira e o ministro da Casa Civil Eliseu Padilha (PMDB).

"Querem espetacularizar algo que a vida está mostrando que não é nada", declarou ele, acrescentando que "a espetacularização de gestos como este não contribuem porque não refletem a realidade".

Para Moreira Franco, o conteúdo das gravações revelado até agora "não tem absolutamente nada que incrimine a atitude séria do presidente da República" e "nelas se vê que não há nada que envergonhe o presidente".

Questionado se havia preocupação dentro do governo com novas gravações que poderão ainda ser divulgadas envolvendo conversas com o ex-ministro da Cultura, que falou que foi pressionado a liberar o investimento privado que foi barrado pelo IPHAN - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, o secretário do PPI se irritou e respondeu: "Não há nenhuma [preocupação]. Vocês parem com essa história de achar que o governo está preocupado, que está dizendo coisas que não podem ser ditas. Não só o presidente Michel Temer como os que falaram sabem ter compostura institucional e sabem o que deve e não deve ser feito. E é isso que essas gravações mostram".

Para Moreira, "felizmente vivemos em um País em que a Polícia Federal funciona". Lembrou ainda que a PF "pegou as gravações, elas já foram divulgadas e nelas se sê que não há nada que envergonhe o presidente da Republica Michel Temer".

Ao ser perguntado se sabia quem poderia estar por trás da iniciativa de Calero de gravar ministros e o presidente da República, Moreira Franco declarou: "não sou policial. Não acho que política se faz desta maneira. Eu parto do pressuposto que as pessoas agem de boa fé porque eu ajo de boa fé e não vejo porque desconfiar de alguém, que eu conheço muito pouco, que está a serviço de terceiros. É uma atitude do meu ponto de vista moral que não faz parte do meu universo".

Sobre a "ajuda" que ministros do governo poderiam estar dando a Geddel para a liberação do prédio construído em área histórica e bloqueado pelo IPHAN, Moreira Franco minimizou, repetindo o discurso do governo de que, ao mandarem o ex-ministro procurar a Advocacia-Geral da União para discutir o caso, tinham a intenção de dizer que ele procurasse o órgão que é responsável por arbitrar conflitos entre instituições públicas.

"Não sou advogado, mas não vi isso (interferência em favor de Geddel). Eu vi uma recomendação necessária que é para encaminhar, se o ministro (Calero) tivesse dúvida, como disse que tinha, à AGU, que é o local para resolver casos como este", justificou. Segundo Moreira, existem pelo menos "300 casos que foram objetos de uma mediação legal definido em decreto pela AGU. Não vejo nisso nenhum delito".

Moreira Franco se surpreendeu ao ser lembrado que Calero é do PMDB e que poderia se candidatar pelo partido. "Não acredito (que ele vá se candidatar pelo PMDB)", observou.

As declarações de Moreira Franco vão de encontro às primeiras manifestações feitas no Planalto, por assessores do presidente Temer, de que as falas divulgadas do assessor jurídico da Presidência, Gustavo Rocha, na conversa com Calero mostram que elas foram "absolutamente técnicas, sem qualquer ingerência política indevida".

O governo tenta amenizar a polêmica, dizendo que não há nada de grave nas gravações e que o que foi mostrado "prova isso". Com isso, se diziam "aliviados" com as primeiras falas apresentadas.

Mas, na verdade, a preocupação real no Planalto é com o que possa ser apresentado das conversas de Calero com o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha. Padilha hoje não está no Planalto, mas descansando em casa, depois de ter um pico de pressão e precisar ir repousar.

Também há preocupação com novas conversas dos ex-ministros Geddel e Calero, pelo jeito explosivo do baiano e a sua forma de falar. Embora ele já tenha deixado o governo, alguma fala ruim pode trazer mais desgaste ao Planalto.

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