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Pará de Minas decreta situação de emergência por lama no Rio Paraopeba

O prefeito da cidade, Elias Diniz, disse em decreto que o rio tinha se tornado fundamental para o abastecimento da cidade, de 100 mil habitantes

Rio Paraopeba: rejeitos da Vale contaminam o rio e prejudicam o abastecimento hídrico do município Pará de Minas (Washington Alves/Reuters)

Rio Paraopeba: rejeitos da Vale contaminam o rio e prejudicam o abastecimento hídrico do município Pará de Minas (Washington Alves/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 6 de fevereiro de 2019 às 08h16.

Rio e Belo Horizonte - O avanço da lama da Vale pelo Rio Paraopeba fez a cidade de Pará de Minas decretar situação de emergência na terça-feira, 5.

O Paraopeba, que é a principal fonte de captação de água da cidade, foi atingido pela onda de rejeitos após o rompimento da barragem da empresa no dia 25. De acordo com a Agência Nacional de Águas (ANA), o rio já foi tomado pelos rejeitos em cerca de 120 km de sua extensão - a partir do ponto de encontro da lama com o corpo d'água.

O prefeito Elias Diniz (PSD) explicou no decreto que o rio tinha se tornado fundamental para o abastecimento da cidade, de 100 mil habitantes, depois da crise hídrica que afetou a região entre 2013 e 2016.

"Foi a única alternativa encontrada para colocar fim à situação calamitosa vivenciada pela população", disse ele, complementando que o município não conta com outras fontes de recursos hídricos para garantir o abastecimento regular.

Ele enumera também os riscos à saúde humana e para as criações de animais e cultivos agrícolas da cidade como motivos para o decreto.

Com a decisão, ficam autorizados processos de desapropriação de propriedades localizadas em áreas de risco. A prefeitura de Pará de Minas foi procurada para informar quantos imóveis poderiam ser afetados, mas não retornou até 21h30 de terça.

Contenção

A Vale informou que instalou na terça-feira a terceira membrana de contenção de rejeitos no Paraopeba para proteger o sistema de captação de água da cidade, mas uma análise feita na segunda-feira por equipe da Fundação SOS Mata Atlântica apontou que ao menos até a segunda membrana o sistema não estava sendo muito efetivo.

O grupo, que está monitorando o rio de modo independente desde o local onde ele foi atingido pela onda de rejeitos, analisa em amostras d'água características como turbidez e oxigenação.

Para avaliar a efetividade das membranas, fez coletas em um ponto anterior às barreiras e em um posterior. Os indicadores mostraram que as membranas estão tirando aproximadamente 50% do volume de rejeito. Questionada sobre a contenção esperada, a Vale também não se manifestou até as 21 horas.

As chuvas que atingiram a região de Brumadinho, onde ficava a barragem da Vale, na segunda-feira, diluíram os rejeitos, fazendo a lama avançar mais rapidamente pelo curso do rio, que deságua no São Francisco.

"Se as chuvas persistirem, a tendência é de que ocorra a elevação da vazão e, consequentemente, o aumento da capacidade de transporte de sedimentos e aumento dos valores de turbidez", informam o Serviço Geológico do Brasil e a ANA, no boletim divulgado diariamente sobre a situação do rio.

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