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Para cientistas, burocracia trava pesquisas clínicas no país

Um grupo de pesquisadores publicou uma carta à presidente Dilma pedindo novas normas que garantam mais liberdade científica nos estudos com pacientes humanos


	Pesquisadores pedem novas normas que garantam mais liberdade científica nos estudos com pacientes humanos
 (USP Imagens)

Pesquisadores pedem novas normas que garantam mais liberdade científica nos estudos com pacientes humanos (USP Imagens)

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Da Redação

Publicado em 7 de agosto de 2015 às 08h57.

São Paulo - Para alguns dos principais cientistas da área médica no Brasil, a burocracia estatal atrasa a pesquisa clínica no país.

Um grupo de 44 pesquisadores publicou na quinta-feira, 6, uma carta aberta à presidente Dilma Rousseff pedindo um amplo debate para estabelecer novas normas que possam garantir mais liberdade científica nos estudos realizados com pacientes humanos.

A carta manifesta preocupação com uma proposta da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) para revisar as normas da pesquisa clínica no Brasil e que poderia gerar ainda mais entraves para os estudos. "A burocracia que penaliza a pesquisa clínica submete cientistas e pacientes a prazos e preconceitos há muito tempo superados em outros países."

De acordo com um dos signatários, Giovanni Guido Cerri, professor da Faculdade de Medicina da USP, é preciso aumentar a agilidade no procedimento de aprovação de pesquisas clínicas.

"Em países que fazem pesquisa clínica séria - como Canadá, França e Alemanha -, um estudo clínico leva em média três meses para ser aprovado. No Brasil, o processo chega a levar um ano. Isso tira a competitividade do pesquisador brasileiro e prejudica a inovação no País", disse Cerri ao jornal "O Estado de S. Paulo".

Segundo ele, é frequente que cientistas brasileiros iniciem projetos de pesquisas clínicas em colaboração com pesquisadores de outros países. "Quando os outros países já encerram a pesquisa, nossa autorização ainda continua tramitando na Conep. Os prazos não são respeitados, e nós perdemos competitividade."

As pesquisas clínicas, de acordo com Cerri, envolvem grandes financiamentos internacionais, permitem que o cientista brasileiro fique a par de novos projetos e participe de redes internacionais de pesquisa. "Com a burocracia, ficamos fora disso."

O professor de Oftalmologia da Unifesp Rubens Belfort Junior, também signatário da carta, afirma que a burocracia da Conep prejudica a liberdade de pesquisa no País.

"Há cada vez mais um engessamento dos processos e algumas das normas, na prática, negam a própria pesquisa científica. É o império da burocracia. Argentina e Colômbia estão à nossa frente nesse aspecto. Achamos indispensável abrir um debate amplo, com participação da sociedade brasileira", afirmou.

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