Brasil

Para Cardozo, acelerar votação fere direito de defesa

Mais cedo, o presidente da Comissão Especial do Impeachment, Raimundo Lira, aceitou uma questão de ordem que encurtou os prazos do processo de impeachment


	Cardozo: "Estão atingindo brutalmente o direito de defesa. Estão inclusive impedindo a produção de provas em questões centrais para a defesa"
 (Jose Cruz/Agência Brasil)

Cardozo: "Estão atingindo brutalmente o direito de defesa. Estão inclusive impedindo a produção de provas em questões centrais para a defesa" (Jose Cruz/Agência Brasil)

DR

Da Redação

Publicado em 2 de junho de 2016 às 17h33.

Brasília - O ex-ministro da Justiça e da Advocacia-Geral da União, José Eduardo Cardozo, afirmou que a proposta de antecipar o calendário da votação do impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff fere o direito de defesa.

"Estão atingindo brutalmente o direito de defesa. Estão inclusive impedindo a produção de provas em questões centrais para a defesa", afirmou.

"O que querem que a gente faça, que nos ajoelhemos?", criticando a decisão de Antonio Anastasia de não incluir na defesa os áudios do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado com os ministros do governo em exercício.

Mais cedo, o presidente da Comissão Especial do Impeachment, Raimundo Lira (PMDB-PB), aceitou uma questão de ordem da senadora Simone Tebet (PMDB-MS), que encurtou os prazos do processo de impeachment em relação ao cronograma sugerido na última semana.

Apesar disso, a comissão ainda não aprovou o cronograma e aguarda a decisão do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Ricardo Lewandowski, que coordena agora o processo.

Cardozo, que é o responsável pela defesa de Dilma, disse que ainda não está definido se a presidente afastada fará pessoalmente a sua defesa.

Se o novo cronograma for aprovado, Dilma poderá ser interrogada no próximo dia 20. O ex-ministro disse ainda que vai aguardar a decisão do Supremo para entrar com recurso contra a decisão do novo cronograma.

"Em uma situação de poucas horas o pisoteio do direito de defesa foi descomunal", afirmou.

O ex-ministro criticou ainda a postura do relator do processo de impeachment, Antonio Anastasia (PSDB-MG), que apresentou parecer contrário à inclusão da delação do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado com os áudios do senador Romero Jucá (PMDB-RR) no processo.

Essa é a principal aposta da defesa da presidente afastada Dilma Rousseff.

Segundo ele, a decisão e Anastasia "rasga literalmente o direito de defesa".

"A situação é mais grave do que na Câmara. Se aprovarem esse parecer (do Anastasia) será a maior violência institucional promovida até hoje nesta Casa, maior do que a promovida pelo presidente afastado Eduardo Cunha", disse.

"Não querem que nós tragamos as provas do processo. Querem nos impedir de produzir as provas", completou.

Cardozo disse ainda que o objetivo de "apressar a solução" confirma a tese que há desvio de poder. "Arguimos a suspensão do senador Anastasia e estão ignorando até agora. Ele não poderia proferir nada enquanto isso não fosse definido", disse.

"Queremos provar que tudo isso foi uma manipulação."

Pressa

Hoje pela manhã, o ministro da Casa Civil do presidente em exercício Michel Temer, Eliseu Padilha, disse que para todas as partes envolvidas há o interesse que o processo de impeachment seja resolvido o quanto antes.

"Se consultássemos cada cidadão, ele diria que quer, sim, definir logo o processo e que este período de transitoriedade do governo Temer acabe", afirmou.

"Se formos perguntar ao governo afastado, por óbvio. Para nós, governo Temer, interessa, sim, que o processo seja resolvido o mais breve possível, obedecendo as regras fixadas pelo Supremo Tribunal Federal", ponderou.

Acompanhe tudo sobre:Dilma RousseffImpeachmentPersonalidadesPolítica no BrasilPolíticosPolíticos brasileirosPT – Partido dos TrabalhadoresSenado

Mais de Brasil

Inovação da indústria demanda 'transformação cultural' para atrair talentos, diz Jorge Cerezo

Reforma tributária não resolve problema fiscal, afirma presidente da Refina Brasil

Plano golpista no Planalto previa armas de guerra