Fé e política: para maior parte dos brasileiros, crer em Deus é importante para ser um bom chefe de Estado (Thinkstock/Thinkstock)
Talita Abrantes
Publicado em 13 de março de 2018 às 17h49.
Última atualização em 14 de março de 2018 às 06h31.
São Paulo – Líder nas pesquisas de intenção de voto para a prefeitura de São Paulo em 1985, o hoje ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) sentiu naquele pleito o preço de ser um político agnóstico em uma sociedade majoritariamente religiosa. Questionado pelo jornalista Boris Casoy no último debate antes da eleição sobre sua crença em Deus, FHC reagiu com hesitação – fato que pode ter lhe custado a cadeira de prefeito, segundo historiadores.
Quase 33 anos depois, pouco parece ter mudado. Pesquisa CNI/Ibope divulgada hoje mostra que 8 em cada 10 brasileiros acreditam totalmente ou em parte que é importante que um candidato à Presidência acredite em Deus.
Essa premissa fica mais forte conforme o eleitor é mais velho, menos instruído e de menor renda. Moradores de cidades menores e das regiões Nordeste, Norte e Centro-Oeste também tendem a concordar mais com a ideia.
Segundo a pesquisa, 89% dos brasileiros que têm até a 4ª série do ensino fundamental acreditam nessa ideia, entre aqueles que vivem em cidades pequenas de até 50 mil habitantes o percentual é de 84%. Já entre os mais jovens, apenas 71% concordam total ou parcialmente com a premissa e 67% entre quem tem maior grau de instrução. Veja o gráfico:
Por outro lado, a sondagem mostra que apenas 29% dos brasileiros afirmam que é muito importante que um candidato à Presidência compartilhe da mesma religião.
De acordo com o levantamento, os moradores de cidades menores tendem a valorizar mais candidatos que sigam a mesma fé. Nesses locais, apenas 36% dos entrevistados afirmaram que essa característica não é importante contra 44% que fizeram a mesma declaração em cidades maiores.
Fora isso, a pesquisa mostra que conhecer os problemas do país, ter experiência em assuntos econômicos e uma boa formação educacional são os atributos mais desejados em um eventual candidato à Presidência.