Fiés assistem ao papa Francisco celebrar a Santa Missa pela 28ª Jornada Mundial da Juventude (JMJ), na praia de Copacabana (Agência Brasil)
Da Redação
Publicado em 28 de julho de 2013 às 16h09.
Rio de Janeiro - O papa Francisco voltou a fazer uma apelo aos jovens neste domingo para que saiam em missão com "força renovada" em busca de fiéis, com um chamado especial ao Brasil e à América Latina, para destruir o mal e a violência, derrubar as barreiras da intolerância e do ódio e construir um "mundo novo".
Na missa de despedida da Jornada Mundial da Juventude, cujo lema é "Ide e fazei discípulos entre todas as nações!", o papa disse à multidão que lotou a praia de Copacabana que é preciso ir, "sem medo", ao encontro de todos, que não há fronteiras e é necessário chegar "a todos os ambientes, até as periferias existenciais", incluindo os que parecem mais indiferentes.
O primeiro papa latino-americano tem como um dos desafios de seu pontificado recuperar os fiéis que a Igreja Católica vem perdendo. Muitos católicos no mundo, não só na América Latina, estão abandonando a Igreja devido ao avanço do secularismo e de outras religiões, e por repúdio a escândalos sexuais e financeiros que corroeram a reputação do Vaticano nos últimos anos.
"De forma especial, queria que este mandato de Cristo -‘Ide' - ressoasse em vocês, jovens da Igreja na América Latina... O Brasil, a América Latina, o mundo precisa de Cristo!", afirmou o papa.
"Este continente recebeu o anúncio do Evangelho, que marcou o seu caminho e produziu muito fruto. A Igreja precisa de vocês, do entusiasmo, da criatividade e da alegria que lhes caracterizam!", disse Francisco à multidão.
Os organizadores do evento religioso e o Vaticano estimaram que mais de 3 milhões de pessoas ocuparam a praia de Copacabana neste domingo de sol, com um colorido mar de bandeiras dos mais de cem países representados na JMJ.
O argentino, de 74 anos, logo depois de eleito em março tornou-se popular devido a seu carisma, sua humildade e seu dom de comunicador. Desde que desembarcou no Brasil na segunda-feira, Francisco vem conquistando os cariocas e os milhares de participantes da jornada que vieram de outras partes do país e do exterior.
O papa lembrou que "levar o Evangelho é levar a força de Deus, para extirpar e destruir o mal e a violência; para devastar e derrubar as barreiras do egoísmo, da intolerância e do ódio; para construir um mundo novo".
Francisco anunciou que a próxima JMJ em 2016 será na Cracóvia, na Polônia, terra natal do papa João Paulo 2o, a segunda vez que o país receberá a edição do encontro internacional de jovens da Igreja Católica --a primeira vez foi em 1991.
"Queridos jovens, temos encontro marcado na próxima Jornada Mundial da Juventude no ano de 2016 em Cracóvia, na Polônia", anunciou o papa.
Experiência única para peregrinos
Francisco desembarcou de um helicóptero pouco depois das 9h no Forte de Copacabana e depois seguiu em papamóvel até o palco principal na orla de Copacabana. A presidente Dilma Rousseff participou da missa, ao lado dos presidentes da Bolívia, Evo Morales, e da Argentina, Cristina Kirchner.
No trajeto de papamóvel, como tem ocorrido desde que chegou ao Brasil, Francisco foi saudado pelo público, que tentava se aproximar para lhe dar presentes e receber a bênção. Em um momento, ele se deteve perto de um grupo de peregrinos, recebeu uma cuia e tomou chimarrão.
Inicialmente programada para ser realizada em Guaratiba (cerca de 60 quilômetros do centro), a missa campal que encerra o evento teve de ser transferida na quinta-feira para a praia de Copacabana, pois a estrutura montada virou um lamaçal com a chuva que caiu sobre o Rio de Janeiro nos últimos dias.
A vigília prevista para Guaratiba, que começou na noite de sábado, ocorreu na areia e no calçadão da orla. Jovens montaram acampamento na praia, em condições precárias, sem a estrutura prevista, com banheiros e serviços.
"Dormir na praia foi diferente e a gente se colocou no lugar de pessoas que tem essa realidade de dormir na rua. Se dispor a fazer isso foi uma experiência única, mas valeu à pena. Passei frio como todo mundo", disse a estudante paranaense Aline Vonsovicz, de 23 anos.
"Tive que dormir no asfalto, pois na areia não dava mais porque já estava lotada. São milhões de pessoas. Teve gente que se entregou e dormiu no chão", disse ela.
"Apesar de tanta gente, acordar na praia, com um visual desse, foi muito especial e uma experiência única", acrescentou.
O papa, que veio ao Brasil para chefiar a jornada na primeira viagem internacional desde que assumiu o pontificado, embarca neste domingo para Roma, mas antes ainda terá encontros com religiosos e voluntários do evento.