Repórter de agro e macroeconomia
Publicado em 24 de junho de 2024 às 12h08.
Última atualização em 24 de junho de 2024 às 12h11.
A seca que assola o Mato Grosso do Sul tem aumentado os incêndios no Pantanal. Na quinta-feira, 20, o Programa Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) registrou 238 focos de queimadas no bioma — o número marca um novo crescimento após uma leve redução que se seguiu ao último pico de 421 focos nos dias 14 e 15 de junho.
Nos últimos 12 meses, o Pantanal acumulou 9.014 focos de incêndio, quase sete vezes mais que os 1.298 registrados no mesmo período do ano anterior. Além do aumento no número de queimadas. Nesse ano, os incêndios aconteceram antes do esperado por especialistas, que estimavam uma intensificação somente a partir de agosto.
Segundo os meteorologistas da Climatempo, em alguns lugares da região não chove há mais de 60 dias, o que deixa o clima ainda mais seco e propício a incêndios.
"Com vários dias sem chuva, a umidade do ar e do solo ficam cada vez mais baixas, o que deixa o cenário favorável ao fogo. As bitucas de cigarro jogadas nas rodovias, balões soltos na atmosfera, um pequeno caco de vidro no meio de uma área seca e até a queima para rebrota de pastagem sem o devido acompanhamento são alguns exemplos de fatores que podem fazer a ignição das chamas", informou à EXAME a Climatempo.
Além do clima, os incêndios criminosos contribuem para agravar o cenário. De janeiro a junho, com condições climáticas semelhantes às de 2020 — incluindo estiagem, baixa umidade do ar, altas temperaturas e ventos fortes —, os incêndios no Pantanal aumentaram significativamente. Na época, também houve aumento de queimadas na região.
Dados do Comando de Policiamento Ambiental mostram que foram lavrados 21 autos de infração e aplicadas multas que somam mais de R$ 10 milhões neste ano. Desde 2020, o Mato Grosso do Sul já aplicou R$ 53,8 milhões em multas por incêndios considerados criminosos no bioma, em 94 autos de infração, de acordo com dados da Secretaria de Estado de Meio-ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação do estado (Semadesc).
No final de semana, um vídeo da festa do Arraial do Banho de São João, em Corumbá (MS), mostrou um incêndio ao fundo enquanto a celebração ocorria — Corumbá registrou 1.291 focos de incêndio, tornando-se o município mais afetado pelas queimadas no Pantanal neste ano.
No sábado, dia 22, o governo de Mato Grosso do Sul anunciou que o governo federal enviará sete aviões para ajudar no combate aos incêndios no Pantanal — desses, quatro serão do Exército e três do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
De acordo com a previsão da Climatempo, a nebulosidade aumentará no sul de Mato Grosso do Sul (MS) a partir de terça-feira, 25, com possibilidade de pancadas de chuva no extremo sul do estado. Nas demais áreas de MS, Mato Grosso (MT) e Goiás (GO), o tempo seco persistirá.
Na quarta-feira, 26, a região do Pantanal e o sul de MS terão variação de nebulosidade e temperaturas mais baixas devido a uma frente fria, ventos e umidade, com possibilidade de precipitações fracas e passageiras no extremo sul. Em outras áreas de MS, MT e GO, não há previsão de chuva.
Além disso, a chegada do fenômeno La Niña influenciará as temperaturas e precipitações no Centro-Oeste durante o inverno de 2024. A previsão é de um inverno extremamente seco em toda a região, com julho e agosto apresentando volumes de chuva bem abaixo da média. Embora alguns temporais possam ocorrer no centro-sul e oeste de Mato Grosso do Sul (MS) devido à passagem de frentes frias, esses eventos serão raros, predominando o tempo seco.
Em setembro, as temperaturas deverão ficar acima da média em todas as áreas, especialmente no sul de MT e MS, onde são esperados períodos com temperaturas muito elevadas.