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Da Redação
Publicado em 15 de janeiro de 2014 às 12h23.
Rio de Janeiro - Paleontólogos do Serviço Geológico do Brasil (CPRM) apresentaram hoje (15) a descoberta de uma nova espécie de crocodilomorfo, a partir de um fóssil encontrado há 70 anos no município de Itaboraí, na região metropolitana. Batizado de Sahitisuchus fluminensis - crocodilo guerreiro do Rio de Janeiro - o parente distante dos jacarés e crocodilos é o mais antigo réptil descrito no estado.
A espécie era exclusivamente terrestre, podia passar dos dois metros de comprimento e ter 1,2 metro de altura, já que não rastejava como os crocodilomorfos atuais.
O animal tinha uma postura mais parecida com a de um javali, com pernas mais fechadas e eretas.
Maior predador da região em seu tempo, ele se alimentava principalmente de pequenos mamíferos, como os abundantes marsupiais pelos quais o depósito de calcário de São José, em Itaboraí, é reconhecido mundialmente.
Apesar de ter sobrevivido à grande extinção dos dinossauros, há cerca de 65 milhões de anos, o crocodilo guerreiro e seu grupo de sebecossúquios, no Rio, foi extinto milhões de anos depois, sem deixar sucessores.
Ainda não se sabe a causa da extinção, mas o paleontólogo André Pinheiro aponta duas hipóteses: a primeira é que ele não resistiu às mudanças climáticas na época.
Outra possibilidade é a competição com mamíferos carnívoros que chegaram da América do Norte, no período Mioceno, há até 23 milhões de anos.
Espécies parecidas com o Sahitisuchus fluminensis já foram encontradas, principalmente na Argentina, mas detalhes anatômicos como a ausência de uma fenestra mandibular externa justificam a classificação da descoberta como uma espécie nova.
A descoberta revela uma característica única da Bacia São José, em Itaboraí: o local abrigou formas mais modernas de crocodilomorfos, como o Eocaiman itaboraiensis.
O fóssil foi descoberto na década de 40, quando o depósito de calcário ainda era explorado pela Companhia Nacional de Cimento Portland Mauá, que extraiu o mineral do local entre 1933 e 1984.
Por se saber a importância paleontológica da região, os trabalhos eram acompanhados por especialistas do Departamento Nacional de Produção Mineral, que identificavam os fósseis.
Por dificuldades para preparar o fóssil para os estudos, ele permaneceu guardado no Museu de Ciências da Terra até 2011, quando um financiamento de R$ 8 mil deu início à preparação, que durou um ano. Seis meses foram gastos na pesquisa e oito meses na preparação da publicação na revista científica Plos One.
"Quando você começa uma pesquisa paleontológica, precisa de um laboratório de preparação, preparadores e curadores de fósseis, bibliografia adequada para isso, e precisa de gente.
Tem que formar tudo isso. E, como no Brasil tudo é novo, você tem muitas vezes que começar do zero", disse o pesquisador Diógenes de Almeida Campos, que coordenou o trabalho ao lado de Alexander Kellner, paleontólogo do Museu Nacional.