Brasil

País vive dias sombrios, diz João Paulo sobre punição

Deputado voltou a dizer que não cometeu nenhuma irregularidade quando foi presidente da Câmara (2003 a 2005)


	Deputado João Paulo Cunha (PT-SP): deputado comparou o mensalão com o escândalo dos fiscais que desviavam Imposto Sobre Serviços (ISS), em São Paulo
 (Lucio Bernardo Jr./Câmara dos Deputados)

Deputado João Paulo Cunha (PT-SP): deputado comparou o mensalão com o escândalo dos fiscais que desviavam Imposto Sobre Serviços (ISS), em São Paulo (Lucio Bernardo Jr./Câmara dos Deputados)

DR

Da Redação

Publicado em 13 de dezembro de 2013 às 19h16.

Brasília - Para um auditório com metade das cadeiras ocupadas, o único deputado federal ainda em liberdade após o julgamento do mensalão, João Paulo Cunha (SP), voltou a dizer que não cometeu nenhuma irregularidade quando foi presidente da Câmara (2003 a 2005) e que a condenação a nove anos e quatro meses de prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF) foi "injusta". Para ele, corrupção não tem termômetro. "Se rouba R$ 1 ou R$ 1 milhão é a mesma coisa".

O deputado comparou o mensalão com o escândalo dos fiscais que desviavam Imposto Sobre Serviços (ISS), em São Paulo. Afirmou que a Procuradoria-Geral da República apontou desvios de R$ 141 milhões no mensalão e só o escândalo dos fiscais da prefeitura de São Paulo contabilizou desvios de R$ 500 milhões. Mas, segundo ele, no caso do mensalão, não houve desvio de dinheiro público. "A Visanet é privada e dizem que é dinheiro público; os empréstimos do PT foram comprovados pelo Banco Central e dizem que é desvio de dinheiro público".

Para João Paulo, o País vive "tempos sombrios". "Daqui a 40, 50 anos, quando os historiadores se debruçarem sobre os registros desse caso em jornais e TVs, vão ver um Brasil. Mas se olharem a vida do povo, vão ver outro. Esse País que a elite registrou, por intermédio da mídia, é o País do ponto de vista deles. Não é o País do povo". Para João Paulo, a elite usa a mídia contra o PT. "O projeto da elite não é o projeto do povo".

Na quarta-feira, em discurso na Câmara, João Paulo disse que não vai renunciar ao mandato. Na ocasião, ele apresentou uma revista na qual faz a própria defesa. Nesta quinta-feira, durante o ato de desagravo, no 5º Congresso do PT, ele distribuiu mais alguns exemplares da revista. "O Brasil vive dias sombrios", afirmou ele, único a usar camiseta vermelha. Os parentes de outros condenados estavam de roupa branca, segundo eles, em solidariedade aos presos, que só podem usar essa cor.

O ex-presidente da Câmara também criticou o tratamento diferenciado aos réus do processo do mensalão mineiro, que terão o direito a julgamento em duas instâncias, o que eles não tiveram. João Paulo criticou ainda a oposição por dizer que o mensalão é o maior escândalo político do Brasil. "Maior escândalo de que? Eu já li que foi o maior escândalo político. Foi maior que a ditadura militar? Foi maior que o Estado Novo? Foi maior do que a escravidão? Foi maior do que deixar as mulheres sem votar até 1932? Foi maior do que deixar os analfabetos sem votar até 1989? Foi maior do que deixar o índice de analfabetismo que temos até hoje? Foi o maior escândalo político?"

Acompanhe tudo sobre:CorrupçãoEscândalosFraudesMensalãoPartidos políticosPolíticaPolítica no BrasilPT – Partido dos Trabalhadores

Mais de Brasil

Denúncia da PGR contra Bolsonaro apresenta ‘aparente articulação para golpe de Estado’, diz Barroso

Mudança em lei de concessões está próxima de ser fechada com o Congresso, diz Haddad

Governo de São Paulo inicia extinção da EMTU

Dilma Rousseff é internada em Xangai após mal-estar