"Não há infraestrutura no mundo que receba 1,5 milhão de pessoas que não tenha fila, multidão. Isso é inviável e impossível", disse o prefeito a jornalistas (REUTERS/Luca Zennaro/Pool)
Da Redação
Publicado em 26 de julho de 2013 às 15h28.
Rio de Janeiro - O bairro de Copacabana, que vai receber até domingo os principais eventos da Jornada Mundial da Juventude, com a expectativa de receber milhões de pessoas, deve preparar-se para novos transtornos, alertou nesta sexta-feira o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, que reconheceu erros na organização do evento.
A maior preocupação das autoridades é com a capacidade do sistema de transporte no acesso e dispersão dos fiéis ao bairro. Filas quilométricas se formaram nas estações de metrô de Copacabana na quinta-feira à noite após o primeiro evento com a presença do papa Francisco no local, do qual participaram cerca 800 mil pessoas, segundo a prefeitura.
Também houve escassez de ônibus e taxis, o que obrigou uma multidão de fiéis a caminhar longas distâncias até bairros vizinhos a Copacabana. Além do transporte, outra preocupação é com o conforto dos peregrinos que vão dormir na praia na vigília que antecederá a missa campal de domingo de manhã.
"Não há infraestrutura no mundo que receba 1,5 milhão de pessoas que não tenha fila, multidão. Isso é inviável e impossível", disse o prefeito a jornalistas.
Desde o início da JMJ, a cidade vem expondo falhas na estratégia da organização. Logo após a chegada, na segunda-feira, o papa Francisco ficou preso em um engarrafamento no centro da cidade e o carro dele foi cercado por uma multidão.
No dia seguinte, o metrô da cidade parou de funcionar por duas horas no final da tarde, prejudicando quem voltava do trabalho e quem seguia para a missa de abertura da JMJ, em Copacabana.
O problema mais grave aconteceu em Guaratiba, onde uma estrutura gigantesca construída especialmente para o encontro de jovens católicos ficará sem uso porque o terreno tornou-se um grande lamaçal em consequência da chuva.
Os dois grandes eventos previstos para o chamado Campus Fidei foram levados de última hora para Copacabana, onde são esperadas cerca de 2 milhões de pessoas no fim de semana para a vigília e a missa campal do pontífice.
Apesar dos problemas e transtornos da cidade durante a JMJ, o prefeito acha que a cidade foi aprovada.
"Não vou dar nota para a nossa atuação porque só gosto de dar nota 10, mas acho que a gente não merece o 10", reconheceu Paes. "A cidade foi aprovada. Vamos ter mais três dias de evento, se perguntar ao papa e aos peregrinos, eles vão dizer que gostaram. Tivemos falhas na organização e vamos trabalhar para resolver", disse.
Constrangimento à parte pela mudança de Guaratiba para Copacabana, as autoridades municipais disseram que a logística será mais simples em Copacabana. O tempo de dispersão após a missa de domingo no bairro está estimado em 7 horas, menos que as 10 horas calculadas para a saída de Guaratiba, na zona oeste.
"Do ponto de vista de logística, a saída de Copacabana é mais fácil para nós", disse Osório à Reuters, lembrando que o bairro possui metrô e que as estações vão operar 24 horas.
O bairro já era o preferido da prefeitura para receber os grandes eventos da JMJ, mas a escolha de Guaratiba se deu, de acordo com autoridades, por uma demanda do Vaticano de incluir no evento uma região mais pobre da cidade.
"Em Copacabana, estamos acostumados a fazer, mas acolhemos e apoiamos o pedido da Igreja", afirmou Osório.