O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, inaugura o Super Centro Carioca de Vacinação, no Hospital Municipal Rocha Maia, em Botafogo. (Fernando Frazão/Agência Brasil)
Agência de notícias
Publicado em 14 de junho de 2023 às 13h24.
O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, foi a campo na noite de terça-feira para conter as insatisfações na bancada do União Brasil com a permanência, ao menos por ora, da ministra do Turismo, Daniela Carneiro, no cargo. Em jantar organizado pelos parlamentares, Padilha indicou aos presentes que a nomeação do deputado Celso Sabino (União-PA), o preferido do partido para o posto, deve ser concretizada até semana que vem.
A indefinição gerou uma irritação na bancada, que esperava a oficialização já na terça-feira. Em reunião com Daniela, o presidente Lula a manteve no cargo, mas a indicou que a permanência é praticamente insustentável diante da falta de apoio dos parlamentares da legenda — apesar de estar em rota de colisão com a cúpula, ela segue filiada ao União Brasil.
Depois de pressionar o Planalto com a possibilidade de se declarar oposição, dando um recado claro de insatisfação, o partido abrandou o tom ao longo do dia. A bancada se reuniu na Câmara e avaliou que é preciso dar um tempo para o governo definir a troca no cargo. Mais tarde, no jantar, que teve a presença também do líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), o cenário ficou mais ameno. Padilha sinalizou a Sabino que ele será nomeado para a pasta até a semana que vem.
O Planalto argumentou que é preciso ainda organizar uma forma de atender Daniela e seu marido, o prefeito de Belford Roxo, Waguinho, com outros cargos. Hoje, a ministra negou que haja negociações neste sentido em andamento.
Até a hora de participar do jantar, a insatisfação da sigla com o ministro responsável pela articulação política era grande. Um dos integrantes reclamou que, de “100 promessas feitas por Padilha, apenas 15 são cumpridas”. Deputados do partido avaliam que o governo "tem a caneta com a mão" e que poderia fazer a troca no Ministério de uma maneira célere. A promessa de Padilha para definir a troca até a semana que vem ainda é vista com desconfiança, mas integrantes do partido querem aguardar esse prazo antes de partir para o enfrentamento.
O entendimento é que, da mesma forma que pode contribuir para emparedar o governo, o partido pode ajudar o Palácio Planalto caso tenha seus pleitos atendidos. Ainda que não garanta 100% da bancada, pois nomes como Kim Kataguiri (SP) e Rosângela Moro (SP) são oposição incondicional, a legenda avalia que pode dar mais votos ao governo do que legendas como MDB, PSD e PSB.
A confraternização foi organizada pelo deputado Fernando Marangoni (União-SP) e tinha como pretexto comemorar a aprovação da Medida Provisória do Minha Casa, Minha Vida, da qual ele foi relator, mas virou um evento para o partido e o governo dialogarem após o dia de insatisfação. Outros líderes partidários, como Isnaldo Bulhões (MDB-AL) e Antonio Brito (PSD-BA) apareceram para reforçar que o Planalto precisa melhorar a relação com a Câmara.
A escolha de Sabino para o Turismo não resolveria todas as demandas do União Brasil, mas é considerada um assunto urgente pelo fato de Daniela ter pedido desfiliação da legenda. Parlamentares também reclamam que não são atendidos por ela. Há ainda uma cobrança para mudanças na Embratur, mas o partido, por ora, recebeu a sinalização do governo, de que Marcelo Freixo não sairá do comando do cargo.