Olimpíadas do Rio: estouro de US$ 1,6 bi no orçamento equivale a 51% do que tinha sido planejado (Buda Mendes/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 7 de julho de 2016 às 11h39.
Um estudo da escola de negócios da Universidade de Oxford apontou que os Jogos Olímpicos Rio 2016 custarão US$ 4,6 bilhões, ou um excedente de 51 por cento em um país que enfrenta um segundo ano de contração econômica.
Faltando menos de um mês para a cerimônia de abertura, o Estado do Rio de Janeiro está perto da falência e atrasou os salários dos servidores públicos, inclusive da polícia.
Isso gerou preocupação em relação à segurança após a disparada da criminalidade, que culminou com o surgimento de um pé desmembrado perto da arena olímpica de vôlei, na semana passada.
Alguns atletas desistiram de participar da competição, citando o vírus Zika, enquanto outros expressaram medo por competir em águas contaminadas por esgoto.
“O estouro de mais de um bilhão de dólares no orçamento dos Jogos do Rio se dá em um momento em que o Brasil mal pode pagar o evento, considerando que enfrenta sua pior crise econômica e política desde os anos 1930 e que o Estado do Rio de Janeiro foi atingido de forma particularmente dura pela recessão”, disse Bent Flyvbjerg, pesquisador líder do estudo, em comunicado enviado por e-mail.
O relatório de Flyvbjerg, Alexander Budzier e Allison Stewart da escola de negócios Said , apontou que os Jogos Olímpicos realizados na última década custaram US$ 8,9 bilhões em média, sem incluir rodovias, ferrovias, aeroportos e infraestrutura hoteleira.
Embora o estouro do orçamento venha em um momento infeliz para o Brasil, a Rio 2016 será mais barata que as competições recentes.
O relatório apontou que os estouros de orçamentos em Sochi e em Londres foram de 289 por cento e de 76 por cento, respectivamente. Todos os eventos de 1960 para cá que fizeram parte do estudo custaram mais do que o esperado.
“Se a ideia era dificultar ao máximo a entrega de um megaprojeto dentro do orçamento, bastava fazer exatamente o que se faz nas Olimpíadas”, disse Flyvbjerg. “Montar uma equipe que nunca entregou esse tipo de projeto antes, em um local que nunca recebeu um projeto assim. Depois, realizar uma licitação pouco transparente e altamente questionável, que incentiva preços exagerados e não aplica a responsabilidade pelos custos à entidade que decide quem vence o processo licitatório”.
Um porta-voz do comitê organizador Rio2016, que é financiado de forma privada, disse em resposta por e-mail que não houve estouro do orçamento se contada a relevante taxa de inflação e que o relatório da Oxford é uma especulação que visa a criar uma imagem negativa sobre as Olimpíadas.
“Quando nos vimos em posição de potenciais gastos excessivos, imediatamente implementamos uma série de medidas de corte de custos”, disse a pessoa. “Estamos entregando um evento racional, moderno e eficiente”.
Flyvbjerg diz que o relatório ajustou os dados de custo à inflação, o que torna os cálculos de estouro do orçamento “conservadores”. A análise do relatório engloba os custos do evento relacionados aos esportes. Isso inclui custos operacionais do comitê organizador e custos diretos de capital pagos pela cidade-sede ou por investidores privados para construir as instalações das competições e não inclui custos indiretos relacionados à infraestrutura e a reformas de hotéis. O estudo calcula o excesso de custo com base no orçamento e na receita estimadas usadas na época da proposta de sediar os jogos. O Rio foi eleito organizador dos Jogos Olímpicos em 2009.