O senador Romero Jucá (Fabio Pozzebom/Agência Brasil)
Clara Cerioni
Publicado em 13 de outubro de 2018 às 08h00.
Última atualização em 13 de outubro de 2018 às 18h40.
São Paulo — Na eleição deste ano, a alta renovação dos quadros políticos tirou do poder diversos nomes investigados na Operação Lava Jato que estavam protegidos pelo foro privilegiado.
Ao todo, dois candidatos a governador, 11 senadores e 14 deputados agora terão seus casos enviados para a primeira instância do judiciário. Com isso, as investigações retornarão do ponto em que pararam e eles podem ser condenados.
Na segunda-feira (8), após o pleito eleitoral, o procurador-geral da República Deltan Dallagnol, chefe das ações da Lava Jato e conhecido por sua campanha contra a corrupção, comemorou o resultado.
Houve avanços contra corrupção: ao menos 1 dezena de envolvidos graúdos na Lava Jato perderam foro privilegiado. Cerca de 1 dezena de senadores do Unidos Contra a Corrupção se elegeram. Além disso, movimentos de renovação apartidários elegeram vários candidatos (só um elegeu 16)
— Deltan Dallagnol (@deltanmd) October 8, 2018
O procurador afirmou ainda que "toda essa mudança no Congresso aconteceu num cenário em que sociedade remou contra a correnteza, pois milhões do novo fundo eleitoral bilionário foram direcionados para campanhas da velha política. Parabéns aos brasileiros!"
Dentre os "graúdos" que Deltan cita estão caciques políticos como o presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE) e os senadores Garibaldi Alves Filho (MDB-RN), Edison Lobão (MDB-MA), José Agripino Maia (DEM-RN) e Romero Jucá (MDB-RR) - da famosa frase sobre "estancar a sangria".
Também figuram na lista dos senadores que perderam o foro privilegiado: Benedito de Lira (PP-AL), Paulo Bauer (PSDB-SC), Raimundo Colombo (PSD-SC), Valdir Raupp (MDB-RO) e Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM).
Além dos senadores, dois candidatos para o cargo de governador Robson Faria (PSD-RN) e Fernando Pimentel (PT-MG) não conseguiram se eleger.
Dentre os deputados que poderão agora ser livremente investigados estão Alfredo Nascimento (PR-AM), Betinho Gomes (PSDB-PE), José Mentor (PT-SP), Lúcio Vieira Lima (MDB-BA), Marco Maia (PT-RS), Milton Monti (PR-SP), Yeda Crusius (PSDB-RS) e Zeca do PT (PT-MS).
A ex-presidente Dilma Rousseff (PT-MG), que já estava em foro comum desde o impeachment e terminou a disputa pelo Senado no quarto lugar, aparece em duas denúncias, uma sobre organização criminosa para desviar recursos da Petrobras e outra de obstruir a Justiça no caso da nomeação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a Casa Civil.
Outros alvos da Operação Lava Jato, como Gleisi Hoffman (PT-PR), Aécio Neves (PSDB-MG), Renan Calheiros (MDB-AL) e Rodrigo Maia (DEM-RJ) conseguiram a reeleição.
Por mais quatro anos, eles não sejam julgados pela justiça comum e sim pelos tribunais superiores, como o Supremo Tribunal Federal (STF), o Superior Tribunal de Justiça (STJ) ou os Tribunais de Justiça dos estados e do Distrito Federal (TJ).