Todas as capitais brasileiras têm índice de homicídios considerado epidêmico (REUTERS/Toru Hanai)
Da Redação
Publicado em 3 de julho de 2014 às 12h36.
São Paulo - De acordo com os dados do Mapa da Violência 2014, lançando nesta quarta-feira, o Brasil registrou 154 assassinatos por dia em 2012 - um recorde. O ano fechou com 56 mil homicídios.
O estudo traz diversos outros números que mostram um panorama da violência nacional. A taxa de homicídios entre a população branca, por exemplo, tem caído, enquanto a de negros, crescido.
Já o interior vem registrando aumento no número de casos, mas as capitais ainda concentram 1/3 dos assassinatos.
Os dados foram retirados do Sistema de Informações de Mortalidade do Ministério da Saúde e são de 2012 - os mais recentes disponíveis.
Veja a seguir 20 fatos para decifrar a violência no Brasil:
1. Número de assassinatos em 2012 é igual a 1,4 "Carandirus" por dia
Em 2012, o Brasil registrou mais de 56 mil homícidios. Isso é igual a 154 mortes diárias ou 1,4 massacres do Carandiru por dia.
2. Brasil é o 7º país mais violento do mundo
Levando em conta as taxas mais atualizadas de homicídios de 100 países, o Brasil ficou em 7º lugar. Fica atrás apenas de El Salvador, da Guatemala, de Trinidad e Tobago, da Colômbia, Venezuela e de Guadalupe - todos na Améria Latina.
Com 29,3 mortes de jovens a cada 100 mil habitantes, o Brasil ficou em 7º lugar no ranking mundial de mortalidade juvenil (que considera a população entre 15 e 29 anos).
4. Capitais concentram 1/3 dos homicídios do país
Em 2012, 31,6% dos homicidios foram registrados nas capitais do país. Apesar de parecer o alto, a concentração vem diminuindo há mais de uma década. Em 2002, era de 38,1%.
5. Violência é epidêmica em todas as capitais
Nenhuma capital, em 2012, manteve níveis de violência abaixo do considerado epidêmico (isto é, 10 homicídios para cada 100 mil habitantes). Florianópolis, que tem a menor taxa, está com 15 por 100 mil habitantes.
6. Alagoas é o estado mais violento do Brasil
Em 2012, foram registrados 64,6 homicídios para cada 100 mil habitantes. A média do Brasil é de 29 mortes.
7. Já Santa Catarina é o estado menos violento
O estado teve, em 2012, taxa de homicídios 5 vezes menor que Alagoas: foram 12,1 mortes a cada 100 mil habitantes.
8. Homens são 9 de cada 10 vítimas
Em 2012, 91,6% das vítimas de homicídio eram homens. Na população jovem, esse índice é ainda maior: 93,3%. A taxa de 54,3 homicídios masculinos é 11 vezes superior à feminina, de 4,8.
9. Jovens são maioria
Em 2012, foram registrados mais de 30 mil homicídios de jovens no Brasil. Isto é, os jovens foram vítimas de mais da metade (53,4%) de todos os homicídios do país.
O número é ainda mais preocupante se levarmos em conta que a faixa etária de 15 a 29 anos representa apenas 26,9% da população nacional.
10. Mortalidade de jovens se mantém estável há 32 anos
Enquanto a taxa de mortalidade da população geral cai, entre os jovens ela se mantém estável. Em 1980, ela era de 146 mortes para cada 100 mil jovens. Em 2012, foi de 149/100 mil. Os homicídios e os acidentes de trânsito são os maiores responsáveis pelas mortes na juventude.
11. Chance de morrer "explode" entre 20 e 24 anos
A maior taxa de mortalidade da população brasileira está na faixa etária de 20 a 24 anos. Em 2012, foram registrados 66,9 mortes para cada 100 mil habitantes nestas idades. Entre as crianças de 10 a 14 anos, por exemplo, a taxa fica em 4,3/100 mil, e entre os adultos de 30 a 39 anos, é de 43/100 mil.
12. Só 6 estados do país diminuiram violência contra os jovens em 2012
Foram Paraíba (-1,7%), Espírito Santo (-3,4%), Mato Grosso do Sul (-6,6%), Pernambuco (-6,8%), Alagoas (-8,5%) e Amazonas (-9,3%).
13. Problema vem melhorando na população branca e piorando na negra
Nos últimos 10 anos, o homicídio entre brancos caiu 24,8%, enquanto entre negros cresceu 38,7%.
Em 2002, as taxas de homicídio entre brancos era de 21,7 por 100 mil brancos. A dos negros, de 37,5 por 100 mil negros. Sendo assim, o índice de vitimização negra foi de 73, o que significa que morreram proporcionalmente 73% mais negros que brancos.
Já em 2012, esse índice subiu para 146,5. O que faz com que a vitimização negra, no período de 2002 a 2012, tenha crescido 100,7%.
14. Dentre as mortes violentas, homicídio é que faz mais vítimas no país
Foram 58,1 mortes consideradas violentas a cada 100 mil habitantes em 2012. A categoria inclui acidentes de trânsito, suicídios e homicídios. Dentre eles, os assassinatos são os responsáveis pelo maior número de mortes: a taxa nacional é de 29 a cada 100 mil habitantes.
15. O país é 4º do mundo em acidentes de trânsito
Com sua taxa de 23 mortes em acidentes de transporte para cada 100 mil habitantes, o Brasil ficou com a 4ª posição entre 101 países analisados.
16. Acidentes estão crescendo
Em 2009, a taxa havia sido de 20,2/100 mil. Os acidentes fatais de motociclistas vêm puxando a taxa para cima.
17. Motociclistas são as maiores vítimas nas ruas (de longe)
Em 2012, 16.223 motociclistas morreram em acidentes de trânsito - 8,4 mortes a cada 100 mil habitantes. Este número representa crescimento de 1.041% em relação a 1996, quando foram registradas 1.421 mortes.
A morte de ocupantes de carros também aumentou, mas bem menos: 82,7%. Por outro lado, a morte de pedestres caiu 53,7% no mesmo período.
18. Suicídios crescem 33% em 10 anos
Entre os anos 2002 e 2012, o total de suicídios no país passou de 7.726 para 10.321, o que representa um aumento de 33.6%. O crescimento no número de casos é superior ao aumento da população, que foi de 11,1% no mesmo período.
19. Região Norte é destaque negativo em suicídios
Os estados Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins viram o número de homicídios saltar 77,7% nos últimos 10 anos. Em 2012, foram registrados 693 casos por lá.
20. Roraima tem a cidade com o maior número de homicídios do país
A cidade de Caracaraí, em Roraima, é a primeira no ranking das cidades brasileiras com maior taxa de homicídios. No município de 19 mil habitantes, o índice atingiu 210 para cada 100 mil habitantes.