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Francisco quer Igreja internacionalizada, diz Orani

Arcebispo do Rio de Janeiro será criado cardeal no próximo dia 22


	Papa Francisco abraça o arcebispo do Rio de Janeiro, dom Orani Tempesta, antes de celebrar a última missa da Jornada Mundial da Juventude, no ano passado
 (Stefano Rellandini/Reuters)

Papa Francisco abraça o arcebispo do Rio de Janeiro, dom Orani Tempesta, antes de celebrar a última missa da Jornada Mundial da Juventude, no ano passado (Stefano Rellandini/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 12 de fevereiro de 2014 às 15h36.

São Paulo - A 10 dias de se tornar cardeal, o arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Orani João Tempesta, disse que "não esperava" receber o título e que o novo encargo não mudará seus trabalhos pastorais no Brasil.

"Ninguém espera receber do Papa o título de cardeal. Sei que ele procura nomear quem acha melhor, por isso, só tenho que agradecer a oportunidade que chega com essa nova missão", disse o religioso nesta quarta-feira (12), em entrevista exclusiva à ANSA.

Há um mês, o papa Francisco anunciou que Tempesta, de 64 anos, receberia o título de cardeal junto com mais outros 18 religiosos. Essa foi a primeira vez que o Pontífice indicou nomes para esses cargos desde que assumiu a liderança da Igreja Católica, em março de 2013.

"Vou permanecer no Rio de Janeiro e continuar meus trabalhos pastorais na diocese. É claro que, com esse novo encargo, terei mais viagens para Roma, além da responsabilidade que passo a assumir com a igreja mundial", comentou.

A indicação de Dom Orani aconteceu dias antes da Santa Sé anunciar o afastamento do brasileiro e arcebispo de São Paulo, Dom Odilo Scherer, de uma comissão de supervisiona as atividades do Banco do Vaticano.

"Dom Odilo continua nas missões do Vaticano, pois tem uma capacidade muito grande em questões organizacionais e financeiras. Ele fez um grande trabalho na comissão e ainda tem muito prestígio", disse o arcebispo do Rio, afastando especulações sobre a saída do brasileiro. "As mudanças em comissões são naturais e acontecem por várias razões", completou.

Sobre a representatividade do Brasil dentro da Igreja Católica, Dom Orani afirmou que isso depende de uma "complexa equação" que todo Papa precisa resolver.

"O número de cardeais brasileiros e latino-americanos é uma reclamação constante da imprensa. Porém, existe uma limitação para a quantidade de cardeais, além da regra de que todos os continentes devem ser representados. É uma equação muito difícil de se resolver", disse.

O arcebispo, porém, admitiu que as nomeações de Francisco apontam para a "internacionalização" da Igreja, já que os novos cardeais são do Brasil, Itália, Alemanha, Reino Unido, Nicarágua, Canadá, Costa do Marfim, Argentina, Coreia do Sul, Chile, Burkina Faso, Filipinas, Haiti, Espanha e Santa Lúcia, ou seja, a maioria de países em desenvolvimento e relacionados à proposta de Igreja dos pobres e para os pobres promovida pelo Papa.

Com Dom Orani, o Brasil passou a ter 10 cardeais, sendo que cinco deles são aptos a votar em conclaves: Dom Raymundo Damasceno Assis, Dom Cláudio Hummes, Dom Odilo Scherer, Dom João Braz de Aviz e o próprio arcebispo do Rio.

No ano passado, Dom Orani foi o responsável por organizar a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) no Rio de Janeiro e acompanhar Francisco durante sua viagem ao Brasil, em julho. O arcebispo se reunirá em consistório com o papa Francisco no próximo dia 22 de fevereiro, ocasião em que será oficialmente intitulado cardeal.

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