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Oposição reúne esforços para impeachment de Temer

Entre os partidos que se manifestaram está também o PSB, integrante da base do governo, que pediu a renúncia o presidente

Michel Temer: o PT, um dos mais numerosos partidos da oposição, também reuniu suas bancadas para discutir sua estratégia de atuação (Christopher Goodney/Bloomberg/Bloomberg)

Michel Temer: o PT, um dos mais numerosos partidos da oposição, também reuniu suas bancadas para discutir sua estratégia de atuação (Christopher Goodney/Bloomberg/Bloomberg)

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Reuters

Publicado em 18 de maio de 2017 às 06h36.

Última atualização em 18 de maio de 2017 às 10h05.

Brasília- Logo após a divulgação de reportagem sobre gravação em que o presidente Michel Temer dá aval à compra do silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha, a oposição comemorou o que considera um golpe certeiro no governo, defendeu o impeachment e mirou na necessidade da realização de eleições diretas, enquanto até mesmo um aliado defendia a renúncia de Temer.

O senador Lindbergh Farias (PT-RJ), nos primeiros minutos após a divulgação da reportagem, anunciou no plenário do Senado que a bancada de seu partido se reuniria para definir os termos de um pedido de impeachment. Paralelamente, na Câmara, o deputado Alessandro Molon (Rede-RJ) protocolava na Secretaria-Geral da Câmara um novo pedido de impeachment de Temer.

Pouco depois, a oposição na Câmara reunia-se na liderança do PDT para discutir os próximos passos.

Em nota, os partidos PDT, PT, PCdoB, PSOL, Rede e PSB, este último integrante da base do governo, defenderam a renúncia ou o afastamento de Temer e a realização de "diretas já".

"Nós, congressistas de diversos partidos, nesta hora gravíssima que o país vive, com denúncias substantivas que envolvem diretamente Michel Temer, nos constituímos em fórum permanente pela democracia", diz a nota.

"Neste sentido, estamos empenhados no Congresso, junto ao STF (Supremo Tribunal Federal) e ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) para que sejam tomadas todas as urgentes medidas nessa direção", afirma o documento.

O PT, um dos mais numerosos partidos da oposição, também reuniu suas bancadas na Câmara e no Senado para discutir sua estratégia de atuação, com muitos de seus integrantes defendendo a renúncia de Temer ou seu impeachment, a paralisação dos trabalhos do Congresso e a realização de eleições diretas.

"Neste momento em que surgem essa gravações, fica claro que esse governo não tem legitimidade para continuar governando. Chegou ao ponto final. O ponto final, se não for dado pela sua própria renúncia, que nós esperamos seja feita, será feito por esta Câmara e por este Senado através de um impeachment", disse o líder do PT na Câmara, Carlos Zarattini (SP).

"Nós não aceitamos, também, que se resolva a questão da sucessão a esse governo por eleições indiretas... O povo brasileiro tem que votar, o povo brasileiro tem que escolher", disse o petista.

Na mesma linha, o líder da Minoria na Casa, José Guimarães (PT-CE), afirmou que as duas bancadas estão tomando as iniciativas para "restaurar a normalidade democrática no Brasil".

"Nós temos que imediatamente procurar o presidente da Casa, todas as lideranças, paralisarmos todas as votações da Casa. Isso é fundamental, a Casa não pode funcionar numa crise dessa dimensão e busquemos uma solução política para a crise. E a solução não pode ser outra: é a convocação imediata de novas eleições", disse Guimarães a jornalistas.

De acordo com o jornal O Globo, Joesley Batista, um dos controladores do frigorífico JBS, gravou o presidente Michel Temer dando aval à compra do silêncio do ex-deputado federal Eduardo Cunha, preso em Curitiba.

A gravação feita por Joesley é parte de declaração que os controladores da JBS deram à Procuradoria-Geral da República em abril. Na conversa, o dono da JBS conta a Temer que pagava uma mesada a Cunha e ao doleiro Lúcio Funaro, um dos operadores presos na Lava Jato, para que ficassem calados. Ao receber a informação, Temer teria respondido: "Tem que manter isso, viu?".

O conteúdo da reportagem foi confirmado por três fontes à Reuters.

Em nota, o presidente Michel Temer negou que tenha pedido pagamentos para conseguir o silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha ou que tenha autorizado qualquer movimento nesse sentido.

Pedido de renúncia

O pedido de impeachment protocolado nesta quarta por Molon cita a reportagem e lista como crimes de responsabilidade os atos do presidente que atentem contra a Constituição, especialmente em casos de improbidade administrativa. Molon pede ainda que sejam ouvidos como testemunhas Joesley, o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), e o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, entre outros.

E em meio ao coro da oposição, o líder do DEM no Senado, Ronaldo Caiado (GO), divulgou nota defendendo a renúncia de Temer.

"Diante da gravidade do quadro e com a responsabilidade de não deixar o Brasil mergulhar no imponderável, só nos resta a renúncia do presidente Michel Temer e a mudança na Constituição. É preciso aprovar a antecipação das eleições presidenciais e do Congresso Nacional", defendeu Caiado, com a ressalva de que não se trata da posição oficial de sua bancada.

Na Câmara, o líder do DEM, Efraim Filho (PB), defendeu que qualquer medida seja tomada apenas após o desenrolar das investigações. Admitiu, no entanto, que seu partido não se furtaria de indicar integrantes para uma eventual comissão para analisar um impeachment de Temer.

 

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