Flávio Bolsonaro: senador disse estar tranquilo e que "a verdade prevalecerá" (Adriano Machado/Reuters)
Clara Cerioni
Publicado em 18 de junho de 2020 às 12h07.
Última atualização em 18 de junho de 2020 às 21h05.
A prisão do ex-policial militar Fabrício Queiroz movimenta o mundo político nesta quinta-feira, 18. Diversas figuras já se posicionaram sobre a operação realizada contra o ex-assessor parlamentar de Flávio Bolsonaro, filho do presidente Jair Bolsonaro.
Queiroz é investigado desde o fim de 2018 por participar de um esquema de “rachadinha” no gabinete de Flávio, quando ele ainda era deputado estadual na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj).
Ele foi encontrado em um sítio em Atibaia pertencente a um dos advogados da família Bolsonaro, Frederick Wasseff, que negava saber onde ele estava.
Flávio Bolsonaro disse em sua conta no Twitter que encara com tranquilidade a prisão de seu ex-assessor e afirmou que a operação faz parte de um movimento para atacar seu pai.
Encaro com tranquilidade os acontecimentos de hoje. A verdade prevalecerá! Mais uma peça foi movimentada no tabuleiro para atacar Bolsonaro. Em 16 anos como deputado no Rio nunca houve uma vírgula contra mim.Bastou o Presidente Bolsonaro se eleger para mudar tudo! O jogo é bruto!
— Flavio Bolsonaro (@FlavioBolsonaro) June 18, 2020
Já o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) disse que Flávio deve ser "cassado urgente" e anunciou que prepara providências para assegurar a "vida e incolumidade física de Fabrício Queiroz, sua esposa e familiares", assim como para oficializar no Conselho de Ética do Senado uma denúncia contra o senador.
4. Por fim, ainda hoje, oficiaremos o presidente do Conselho de Ética do Senado, senador @JaymeCampos251 , p/ que aceite a representação que foi movida contra Flávio Bolsonaro pelos partidos Rede e PSOL, e apelamos p/ que receba a denúncia e dê prosseguimento na ação.
— Randolfe Rodrigues (@randolfeap) June 18, 2020
O governador do Maranhão, Flávio Dino, cita a preocupação de "intimidação" de Bolsonaro sobre o Judiciário após declarações recentes que evocaram as Forças Armadas e elevaram a tensão institucional.
Com mais integrantes da facção de Bolsonaro presos, é provável que ele insista na intimidação sobre o Judiciário, usando a imagem das Forças Armadas. Espero que os comandos destas desautorizem o uso indevido. Queiroz, rachadinhas e fake news são assuntos judiciais, não militares
— Flávio Dino 🇧🇷 (@FlavioDino) June 18, 2020
Sergio Moro, ex-ministro da Justiça do governo Bolsonaro, que agora trava embates públicos com o presidente, citou a necessidade de que os órgãos possam "trabalhar de maneira independente".
O importante é que polícias, Ministério Público e Cortes de Justiça possam trabalhar de maneira independente e que todos os fatos sejam esclarecidos.
— Sergio Moro (@SF_Moro) June 18, 2020
João Amoedo, presidente do partido Novo, também destacou a importância da autonomia das instituições.
Sobre a prisão do Queiroz podemos: reforçar a importância da autonomia das instituições e cobrar uma rápida investigação ou argumentar que se trata de perseguição política, que existem casos piores e que não há provas.
Esse é o tipo de escolha que define o País que queremos.
— João Amoêdo (@joaodamoedo) June 18, 2020
O deputado federal Marcelo Freixo (PSOL-RJ), ex-presidente da CPI das Milícias, defendeu uma delação premiada de Queiroz.
O esgoto do sistema político carioca é uma mistura de política, polícia e crime organizado. É dessa podridão que vêm Queiroz e @jairbolsonaro.#DelataQueiroz
— Marcelo Freixo (@MarceloFreixo) June 18, 2020
A hashtag #DelataQueiroz também foi usada pelos deputados Joice Hasselmann, ex-líder do governo no Congresso, e Kim Kataguiri (DEM/SP), do Movimento Brasil Livre.
O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Felipe Santa Cruz, avaliou que a investigação não é "um ataque aos Bolsonaro", mas sim para apurar corrupção.
É um malabarismo interpretativo tentar inverter a ordem dos fatos e tratar a prisão de Queiroz como um ataque aos Bolsonaro. O contexto é a investigação de "rachadinha" - e investigar corrupção é um fim em si mesmo.
— Felipe Santa Cruz (@fsantacruz_rj) June 18, 2020