Arena das Dunas: a PF descobriu suspeita de solicitação e o efetivo recebimento de vantagens indevidas por dois ex-parlamentares (Wkimedia Commons/Divulgação)
Reuters
Publicado em 6 de junho de 2017 às 07h57.
Última atualização em 6 de junho de 2017 às 08h02.
Brasília - A Polícia Federal prendeu na manhã desta terça-feira o ex-ministro do Turismo e ex-presidente da Câmara dos Deputados Henrique Eduardo Alves (PMDB) em operação deflagrada para investigar desvios de 77 milhões de reais na construção do estádio de Natal para a Copa do Mundo de 2014.
A investigação, desdobramento da operação Lava Jato, descobriu suspeita de solicitação e o efetivo recebimento de vantagens indevidas por dois ex-parlamentares cujas atuações políticas favoreceriam duas grandes construtoras envolvidas na construção do estádio, de acordo com comunicado da PF, que não identificou os suspeitos.
Uma fonte da Polícia Federal disse à Reuters que um dos alvos é Henrique Eduardo Alves, que já foi preso nesta manhã, e o outro é o também ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB), que já está preso pela Lava Jato mas é alvo de novo mandado de prisão.
A PF informou em nota oficial que cumpre no total cinco mandados de prisão preventiva, seis mandados de condução coercitiva e 22 mandados de busca e apreensão nos estados do Rio Grande do Norte e Paraná como parte da operação.
"A partir das delações premiadas em inquéritos que tramitam no STF (Supremo Tribunal Federal), e por meio de afastamento de sigilos fiscal, bancário e telefônico dos envolvidos, foram identificados diversos valores recebidos como doação eleitoral oficial, entre os anos de 2012 e 2014, que na verdade consistiram em pagamento de propina", disse a Polícia Federal, acrescentando que os investigados responderão pelos crimes de corrupção ativa e passiva, além de lavagem de dinheiro.
Henrique Eduardo Alves, que era aliado próximo ao presidente Michel Temer, foi ministro do Turismo da ex-presidente Dilma Rousseff e voltou a ocupar o cargo no governo Temer, mas pediu demissão do posto em meio à citação de seu nome por um delator da Lava Jato.
Ao lado de Cunha, ele se tornou réu na Justiça Federal do Distrito Federal em outubro do ano passado por suspeitas de irregularidades envolvendo a Caixa Econômica Federal. Recentemente, Henrique Eduardo Alves voltou a ter seu nome citado na delação de executivos da JBS.
A operação desta terça-feira, deflagrada pela PF em conjunto com o Ministério Público Federal e a Receita Federal, recebeu o nome Manus, em referência, segundo a PF, a provérbio latino "Manus Manum Fricat, Et Manus Manus Lavat", que significa "uma mão esfrega a outra, uma mão lava a outra".
No mês passado, a Polícia Federal prendeu dois ex-governadores do Distrito Federal e um ex-vice-governador que era assessor especial de Temer em operação para investigar suspeita de desvio de recursos das obras do Estádio Nacional Mané Garrincha, em Brasília, para a Copa do Mundo, com superfaturamento de até 900 milhões de reais.
Os dois estádios estão entre sete arenas do Mundial sob suspeita de irregularidades com base em delações de executivos de empreiteiras investigadas na operação Lava Jato. Além deles, também são investigadas as obras na Arena Corinthians, em São Paulo; na Arena Pernambuco, em Recife; na Arena Castelão, em Fortaleza; na Arena Amazônia, em Manaus; e no Maracanã, no Rio de Janeiro.