PF: indícios de repasses foram para a campanha da vereadora Jussara Cony (PCdoB), a pedido do então diretor-presidente da Fepam Carlos Fernando Niedersberg (PCdoB) (Divulgação/Polícia Federal)
Da Redação
Publicado em 2 de maio de 2013 às 20h13.
Porto Alegre - As interceptações telefônicas feitas pela Polícia Federal durante a Operação Concutare, que investiga fraudes em licenciamentos ambientais, detectaram também indícios de repasses de valores para a campanha da vereadora de Porto Alegre Jussara Cony (PCdoB), a pedido do então diretor-presidente da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) Carlos Fernando Niedersberg (PCdoB).
A informação foi divulgada nesta quinta-feira pela versão on line do jornal Zero Hora, que teve acesso a cópias de documentos protegidos por segredo de Justiça.
Nos diálogos ouvidos pela investigação, Niedersberg estaria pedindo recursos para a campanha de 2012 a Giancarlo Tusi Pinto, sócio do ex-deputado estadual Berfran Rosado (PPS) no Instituto Biosenso, prestador de consultoria ambiental.
Segundo o veículo gaúcho, a decisão da Justiça Federal que decretou a prisão temporária de 18 suspeitos de participação no esquema cita informação da Polícia Federal de que "os sócios do Instituto Biosenso compareceram com o numerário supostamente destinado à campanha eleitoral de Jussara Cony". O valor de R$ 15 mil teria sido entregue em três parcelas de R$ 5 mil.
Mas a investigação não conseguiu confirmar se houve o repasse de Niedersberg para a campanha de Jussara e admite que essa apuração ainda precisa ser aprofundada.
A vereadora Jussara Cony distribuiu nota à imprensa na qual afirma que não recebeu doação de nenhuma pessoa envolvida nesse episódio, referindo-se às suspeitas de fraudes nos licenciamentos ambientais.
Assegurou que as contas da campanha de 2012 foram apresentadas à Justiça Eleitoral no prazo e aprovadas. "Defendo, assim como meu partido (PC do B), as investigações da Polícia Federal e queremos que todos os fatos sejam esclarecidos", finalizou.
Jussara e o vereador João Derly compõem a bancada do PCdoB na Câmara de Vereadores e assinaram um pedido de criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o caso das licenças ambientais. A proposta tem escassas possibilidades de ser aprovada porque a bancada governista, que tem maioria, é contrária.
A Operação Concutare investiga esquema de pagamento de propinas de despachantes e empresários a agentes públicos de órgãos federais, estaduais e municipais para emissão de licenças ambientais em prazos privilegiados ou com irregularidades.
Foram presos temporariamente seis agentes públicos, seis despachantes ou consultores e seis empresários. Entre eles estão Niedersberg, Tusi Pinto, Rosado e o secretário municipal do Meio Ambiente de Porto Alegre Luiz Fernando Záchia (PMDB).
A Polícia Federal já liberou cinco deles - três empresários, um consultor e um funcionário público - e deve terminar de tomar os depoimentos nesta sexta-feira, quantos todos os demais também poderão ser soltos. Além das pessoas detidas nesta semana, outras cem estão sendo convocadas a depor como investigadas ou testemunhas.