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Operação da PF mira doleiro que originou Lava Jato

Carlos Chatter é investigado como integrante de um grupo criminoso acusado de falsificação de documentos, lavagem de dinheiro e evasão de divisas

PF: a operação Perfídia descobriu a movimentação de cifras bilionárias por um grupo investigado pelos crimes de lavagem de dinheiro (Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil)

PF: a operação Perfídia descobriu a movimentação de cifras bilionárias por um grupo investigado pelos crimes de lavagem de dinheiro (Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 27 de abril de 2017 às 16h42.

Rio - Relatório da Polícia Federal referente à 2ª fase da Operação Perfídia, deflagrada nesta quarta-feira, 27, classifica o doleiro Carlos Chatter - um dos primeiros alvos da Operação Lava Jato - como integrante de um grupo criminoso acusado de falsificação de documentos, lavagem de dinheiro e evasão de divisas.

A organização, segundo a PF, é "capitaneada" pela prima dele, a advogada Cláudia Chater. A família é apontada como o "núcleo duro" do grupo.

A Perfídia descobriu a movimentação de cifras bilionárias por um grupo investigado pelos crimes de lavagem de dinheiro, evasão de divisas e falsificação de documentos.

Uma das transações chegou a US$ 5 bilhões. De acordo com o relatório da Polícia Federal, o "núcleo duro" da organização é liderado por Cláudia Chater e familiares.

As investigações se iniciaram em 2016, quando o jordaniano Suleimsn Hamdan Al Helalat foi preso em flagrante no Aeroporto Internacional de Brasília, pelo uso de passaporte falso. As investigações sobre a origem do documento falso levaram à Cláudia, apontada como fornecedora, não só de Ismail, mas também de outros estrangeiros que tentaram entrar no Brasil com auxílio do esquema

Na primeira fase da Operação, deflagrada em dezembro do ano passado, foram identificados integrantes da organização que produzia documentos falsos.

De acordo com o Ministério Público Federal, as buscas e apreensões encontraram, em endereços ligados a Cláudia, "petições incluídas em processos com pedido de nacionalidade brasileira a pessoas de origem árabe".

Segundo a Procuradoria da República do Distrito Federal, documentos em papel timbrado do escritório Chater Advocacia & Consultoria com data posterior à prisão do jordaniano que provocou as investigações, pediam a desistência de "ação que poderia conceder nacionalidade brasileira aos autores".

De acordo com o Ministério Público Federal, os pedidos de emissão de nacionalidade do escritório de Cláudia aos beneficiários da organização criminosa eram embasados por contas de energia e água, carteiras de trabalho, registros civis, certidões de nascimento e título de eleitor falsos.

Cartórios extrajudiciais em nove Estados foram alvo de buscas na segunda fase da operação por suspeitas de que funcionários integram o esquema criminoso.

O Ministério Público Federal divide a atuação dos integrantes do grupo em cinco núcleos: 1) Os líderes, que seriam Cláudia Chater e familiares; 2) O núcleo de apoio, formado por advogados, contadores, empresários e outros integrantes que também tinham "papel de destaque", por auxiliarem na lavagem de dinheiro; 3) os especialistas em falsificação de documentos; 4) os responsáveis por ocultar a identidade dos verdadeiros donos dos imóveis comprados pela organização; 5) agentes públicos.

O Ministério Público Federal destaca que as investigações podem ainda encontrar um esquema maior, "com ramificações em outros crimes".

Defesas

A defesa de Cláudia Chater não respondeu aos questionamentos da reportagem. O espaço está aberto para manifestação.

O advogado de Ismail Suleiman, Grimoaldo Roberto de Resende, esclareceu que "a ação penal ainda está em curso e não tem sentença".

"Naturalmente, acredito em sua absolvição por estar convicto de que ele não agiu com dolo. Foi ouvido sem estar assistido por tradutor oficial e, por certo, não entendeu o alcance dos fatos e talvez não tenha sido entendido corretamente. Hoje, ele está na Jordânia e, acaso seja convocado, poderá comparecer", afirma o advogado.

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