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Operação contra Bivar facilita saída do PSL, diz aliado de Bolsonaro

Para parlamentar da ala "bolsonarista", ação fortalece tese de justa causa para que deputados deixem sigla sem serem cassados por infidelidade ao partido

Luciano Bivar: presidente nacional do União Brasil é confirmado pré-candidato à Presidência (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Luciano Bivar: presidente nacional do União Brasil é confirmado pré-candidato à Presidência (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

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Reuters

Publicado em 15 de outubro de 2019 às 15h05.

Brasília — A operação da Polícia Federal desta terça-feira (15) que fez busca e apreensão em endereços ligados ao presidente do PSL, deputado Luciano Bivar (PE), fortalece a tese de justa causa para que parlamentares deixem o partido sem correrem risco de serem cassados por infidelidade partidária, disse à Reuters o deputado federal Bibo Nunes (PSL-RS), aliado do presidente Jair Bolsonaro.

"Sem dúvida (ajuda a sair do partido sem ser cassado). Como vou ficar no partido onde a Polícia Federal bate na casa do presidente?", questionou Nunes.

Em guerra com o comando do PSL controlado por Bivar, Bolsonaro e aliados pediram na semana passada à direção da legenda uma espécie de auditoria das contas da sigla em anos mais recentes. Por trás desse debate, está o controle dentro do partido do milionário fundo eleitoral, que foi turbinado após a legenda ter eleito uma expressiva bancada na eleição passada na esteira da vitória de Bolsonaro.

O deputado disse que aliados do presidente no partido vão tentar sair em bloco do PSL. Ele contabilizou 22 deputados nessa situação, número esse que, com a operação da PF desta terça, pode subir porque haveria outros 11 indecisos.

Bibo Nunes destacou que considera "normal" a operação policial contra o presidente do partido. "As atitudes do Bivar só poderiam levar a isso, pela maneira como leva o partido, sem ética, sem compliance, sem transparência, como um coronel", afirmou.

Para o deputado, que diz já defender o afastamento de Bivar há muito tempo, o mínimo seria que ele entregasse a presidência do partido diante da operação da PF. Contudo, Nunes disse que não vê essa perspectiva porque ele é o "dono total" da legenda em que, além de ter aliados em postos-chave, fez um estatuto em que lhe dá grandes poderes.

O parlamentar disse que uma decisão sobre sua permanência no PSL será tomada em conjunto com Bolsonaro. "Estamos alinhados", frisou.

Outra aliada de Bolsonaro na legenda, a deputada Bia Kicis (PSL-DF) não quis comentar a operação da polícia em relação a Bivar. Ela disse que o caso é uma "coisa pessoal" dele, mas repetiu que está pedindo transparência nas contas da legenda.

Procurado em dois telefones celulares, Bivar não atendeu nesta manhã.

Em nota, a defesa de Bivar disse que não há indícios de fraude no processo eleitoral, e acrescentou ver a operação com "muita estranheza" devido ao atual momento de turbulência política.

"A defesa enfatiza que o inquérito já se estende há 10 meses, já foram ouvidas diversas testemunhas e não há indícios de fraude no processo eleitoral. Ainda na visão da defesa, a busca é uma inversão da lógica da investigação, vista com muita estranheza pelo escritório, principalmente por se estar vivenciando um momento de turbulência política", disse o escritório de Ademar Rigueira, que responde pela defesa de Bivar e do PSL em Pernambuco.

Expulsão

Em meio a essa crise e diante da operação, a direção do PSL havia marcado para esta tarde uma reunião para decidir se expulsa deputados da legenda. O encontro, contudo, foi desmarcado pouco antes das 14h, horário previsto para ocorrer.

Antes do cancelamento, a deputado Alê Silva (PSL-MG) havia dito à Reuters que esperava a reunião sobre a expulsão dela e de outros colegas e comparou Bivar à rainha do livro Alice do País das Maravilhas: "Só sai gritando: 'cortem-lhe as cabeças.'"

A parlamentar dissera que já recebeu um convite formal de filiação do Podemos, por meio do senador Alvaro Dias (PR), mas ainda está em conversação.

"A expulsão para mim é melhor, mas estou esperando se confirmar, pois o Marcelo Alvaro (ministro do Turismo) tinha dito a uma pessoa de minha confiança que a intenção dele e da cúpula do partido seria de não me deixar sair e de me sangrar até o fim do mandato", afirmara.

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