Brasil

Onyx Lorenzoni troca articulador na Câmara e revolta cúpula do PSL

Ministro demite Carlos Manato da coordenação no Congresso e, para assumir o posto, indica ex-deputado do DEM

Onyx: ministro irritou parlamentares do PSL após trocar o articulador na Câmara (Valter Campanato/Agência Brasil)

Onyx: ministro irritou parlamentares do PSL após trocar o articulador na Câmara (Valter Campanato/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 11 de junho de 2019 às 09h00.

Última atualização em 11 de junho de 2019 às 09h55.

Brasília — A demissão do ex-deputado Carlos Manato do comando da Secretaria Especial para a Câmara provocou revolta na cúpula do PSL e azedou as relações entre o partido do presidente Jair Bolsonaro e o DEM.

Irritados, parlamentares do PSL criticaram duramente o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, por dispensar Manato e nomear o também ex-deputado Abelardo Lupion para o cargo, que cuida das negociações políticas com a Câmara.

Manato é filiado ao PSL e Lupion, ao DEM, mesma sigla de Onyx. Na avaliação de integrantes do partido de Bolsonaro, a dispensa — que ocorreu na sexta-feira passada, por telefone — foi "injusta" e terá consequências negativas para o Palácio do Planalto.

Além do desligamento de Manato, o Diário Oficial da União publicou nesta segunda-feira (10) as exonerações "a pedido" de outros quatro ex-deputados que atuavam com ele na secretaria. Um deles, Victório Galli Filho, também é do PSL.

"Se a articulação política do governo Bolsonaro está ruim, quem tem de ser demitido é o ministro, e não os assessores", afirmou o líder do PSL na Câmara, Delegado Waldir (GO).

"Esperamos que o presidente (Bolsonaro) tome um lado nessa situação porque, se ele não se manifestar, nós vamos tomar providências, que serão duras", emendou o deputado, sem adiantar a estratégia planejada.

O líder do PSL afirmou, ainda, que Onyx estava "olhando para o próprio umbigo" quando trocou Manato por Lupion. Compadre do ministro, Lupion já atuava na Casa Civil desde janeiro, mas apenas como assessor especial.

"Para mim, o ministro agiu com covardia, humilhando e abandonando soldados de primeira hora", criticou Delegado Waldir, ao lembrar que Manato só entrou no PSL — e foi candidato ao governo do Espírito Santo, em 2018 — a pedido de Bolsonaro.

Presidente estadual do PSL, Manato não quis esticar a polêmica e tentou amenizar a crise. Afirmou que já havia combinado com Onyx sua saída por estar "sobrecarregado" e observou não ter intenção de criar estresse para o Planalto. "Eu já estava com prazo de validade vencido", disse ele. "Não tenho raiva de ninguém."

Sem base

Encarregado de ajudar o governo a formar uma base aliada no Congresso - e a angariar apoio para a aprovação da reforma da Previdência -, o ex-deputado despachava no mínimo duas vezes por semana no gabinete da liderança do PSL. Foi para lá porque o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), se recusou a ceder uma sala à Casa Civil.

Em março, com a ajuda da Controladoria Geral da União (CGU), o governo chegou a criar uma plataforma, batizada no Planalto de "banco de talentos", na qual parlamentares podiam fazer indicações para vagas do segundo escalão.

A última palavra, no entanto, sempre foi dos ministros. Nos bastidores, deputados afirmam que Manato caiu por se desentender com Onyx a respeito de nomeações do PSL, que estavam emperradas. Até hoje o governo não tem uma base de sustentação no Congresso.

"O problema não é de cargos. O que não aceitamos é a falta de lealdade do ministro, que, na primeira substituição, tira o PSL para colocar alguém do DEM", reclamou Delegado Waldir.

Onyx também dispensou, em fevereiro, o ex-deputado Leonardo Quintão (MDB-MG), então responsável pela Subchefia de Assuntos Parlamentares da Casa Civil. Antes, Quintão já havia sido chamado para ajudar na articulação política com o Senado, mas trombou com Renan Calheiros (MDB-AL). Procurado, Onyx não quis se manifestar sobre o anúncio das trocas.

Acompanhe tudo sobre:Câmara dos DeputadosGoverno BolsonaroOnyx LorenzoniPSL – Partido Social Liberal

Mais de Brasil

Homem-bomba gastou R$ 1,5 mil em fogos de artifício dias antes do atentado

O que muda com projeto que proíbe celulares nas escolas em São Paulo

Haddad se reúne com cúpula do Congresso e sinaliza pacote fiscal de R$ 25 bi a R$ 30 bi em 2025

Casos respiratórios graves apresentam alta no Rio e mais 9 estados