São Paulo - Quando os portugueses atracaram por aqui, encontraram
florestas tropicais majestosas, que se estendiam de uma ponta à outra do litoral brasileiro. Mais de 500 anos depois, restam apenas 12,5% do que era a
Mata Atlântica em toda a sua extensão e esplendor originais. Apesar dos esforços de conservação realizados nas últimas décadas, a guerra para manter a floresta de pé ainda não está ganha.
Dados da Fundação SOS Mata Atlântica e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), divulgados nesta quarta-feira (27), comprovam. Entre 2013 e 2014, o bioma perdeu 183 Km² de mata, o equivalente a 18 mil campos de futebol. Entre os 17 estados da Mata Atlântica,
Piauí foi o campeão de desmatamento no ano, com 5.626 hectares (ha) devastados. Sozinho, o município de Eliseu Martins respondeu por 23% do total dos desflorestamentos observados no período.
(V
eja os estados que mais desmataram). É o segundo ano consecutivo que o
Atlas observa um padrão de
desmatamento nos municípios ao sul do Piauí, onde se concentra a produção de grãos. “Essa é uma importante região de fronteira agrícola e uma área de transição entre a Mata Atlântica, o Cerrado e a Caatinga, o que acende discussões sobre seu grau de proteção. No entanto, são áreas incluídas no Mapa de Aplicação da Lei da Mata Atlântica (Lei nº 11.428/06), que protege seus ecossistemas associados e deve ser cumprida”, afirma Márcia Hirota, diretora-executiva da SOS Mata Atlântica. Em segundo lugar na lista de desmatadores, aparece
Minas Gerais, com 5.608 ha da floresta devastados. Apesar da posição, o estado reduziu em 34% o desmatamento se comparado ao período anterior. Esta é a segunda queda consecutiva na taxa de desmatamento em Minas, que no ano anterior já havia reduzido em 22%. O recuo é resultado de moratória que desde junho de 2013 impede a concessão de licenças e autorizações para supressão de vegetação nativa no bioma. A ação foi autorizada pelo Governo de Minas Gerais, após solicitação da Fundação SOS Mata Atlântica e do Ministério Público Estadual.
Rumo ao desmatamento zero
No quadro geral, o desmatamento no país recuou 24% comparado ao ano anterior (2012-2013). Dos 17 estados da Mata Atlântica, nove apresentaram desmatamentos menores do que 100 ha, o equivalente a 1 km2, entre eles São Paulo (61 ha), Rio Grande do Sul (40 ha) e Pernambuco. Com tais índices, esses estados aproximam-se da meta do desmatamento zero no bioma e abrem oportunidades para outra discussão: a necessidade de se recuperar as áreas já desmatadas. “Os 12,5% da Mata Atlântica que restam de pé, com suas paisagens e beleza cênica, são um patrimônio natural com potencial turístico invejável. Prestam ainda diversos serviços ambientais, como a conservação das águas que abastecem as nossas cidades e a estabilidade dos solos, tão essenciais à agropecuária. Preservar o que restou e restaurar o que se perdeu precisa ser uma agenda estratégica para o país”, ressalta Marcia Hirota. Clique nas setas e veja os estados que mais desmataram.