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Onda de calor: termômetros de rua são confiáveis? Especialista responde

Professor de física Fernando Lang da Silveira explica diferença de temperatura entre eles, e fala se dados expostos são 'reais' ou apenas a sensação térmica

Termômetro de rua: esses aparelhos "captam uma temperatura 'real'", mas que "não é uma medida fidedigna do ar atmosférico" (AFP/AFP)

Termômetro de rua: esses aparelhos "captam uma temperatura 'real'", mas que "não é uma medida fidedigna do ar atmosférico" (AFP/AFP)

Agência o Globo
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Publicado em 16 de novembro de 2023 às 07h14.

Em meio às sucessivas ondas de calor enfrentadas no Brasil este ano, os termômetros espalhados pelas ruas muitas vezes são lembretes de um período marcado por extremos climáticos no país. Mas é possível confiar nos equipamentos disponíveis nas vias urbanas? Os dados divulgados por eles são precisos? Como explicar a diferença de temperatura entre eles, mesmo quando estão próximos?

Para o professor de física Fernando Lang da Silveira, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), antes de explicar essas questões é preciso falar sobre as medidas de temperatura do ar feitas por estações meteorológicas, como as do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Esses órgãos, que fornecem "dados oficiais", possuem estações meteorológicas com equipamentos específicos.

"Não basta se dispor de termômetros confiáveis e calibrados para se realizar as medidas", escreveu o professor. "Como o objetivo é medir a temperatura do ar, os termômetros se encontram em um abrigo", que, "além de ser branco para minimizar a absorção de energia térmica e estar a 1,5m do solo", por exemplo, também "permite a circulação natural do ar" por meio de venezianas.

Como funcionam os termômetros de rua?

Já no caso dos relógios digitais disponíveis nas ruas, explicou, há um sensor do tipo termistor ou termopar, e "a medida da temperatura é consequente de um sinal elétrico oriundo" dele. O especialista afirmou que a medida de temperatura feita por esses termômetros é precisa quando eles estão "adequadamente calibrados", mas pontuou que esses relógios "medem a temperatura do próprio sensor".

Ou seja, se nas estações meteorológicas o objetivo é garantir que a temperatura registrada seja "o mais próximo possível da temperatura do ar atmosférico", os relógios digitais têm seus dados "influenciados" pelo local em que estão instalados. Muitas vezes expostos à radiação solar direta, o sensor do termômetro é aquecido, e a medida apresentada "usualmente não fornece a temperatura do ar atmosférico".

Temperatura 'real' ou sensação térmica?

Assim, esses aparelhos "captam uma temperatura 'real'", mas que "não é uma medida fidedigna do ar atmosférico". Ao mesmo tempo, também não é correto dizer que os termômetros de rua mostram a sensação térmica, já que as estimativas desses dados "envolvem outros fatores além da temperatura, tais como umidade relativa e velocidade do vento".

"Em resumo, eles servem para se ter uma informação mais ou menos confiável da temperatura do ar atmosférico, frequentemente com muitos graus de diferença em relação ao valor efetivo da temperatura do ar", destacou o professor

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