Tedros Adhanom: o líder da OMS exortou os brasileiros a seguirem às diretrizes públicas de distanciamento social (Fabrice Coffrini/Pool/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 5 de março de 2021 às 16h09.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou para a situação da pandemia de coronavírus no Brasil, que tem registrado acentuado avanço nos números de casos e mortes pela doença nos últimos dias. Em coletiva de imprensa em Genebra, na Suíça, o diretor-geral da entidade, Tedros Adhanom Ghebreyesus, caracterizou o quadro no País como "muito, muito preocupante".
Tedros citou estatísticas que mostraram que o volume de óbitos por semana subiu de pouco mais de 2 mil em novembro para cerca de 8 mil agora. Segundo ele, no início deste ano, enquanto vários países registravam arrefecimento da epidemia, a maior economia latino-americana ia na direção contrária. "Brasil precisa levar isso muito a sério", advertiu.
O líder da OMS exortou os brasileiros a seguirem às diretrizes públicas de distanciamento social. "Sem fazer coisas para impactar a transmissão ou suprimir o vírus, não acho que seremos capazes de ter a tendência de declínio no Brasil", destacou, acrescentando que, se o país não for "sério" na resposta à crise continuará afetando também os vizinhos na América do Sul.
Na mesma linha, o diretor de emergências da Organização, Michael Ryan, ressaltou que este não é o momento ideal para relaxar as políticas de redução da mobilidade. Ele ressaltou que o avanço da covid-19 acontece em escala nacional, "de Norte a Sul", mas classificou especificamente a curva epidêmica no Manaus e no Amazonas como "difícil".
De acordo com Ryan, "não há dúvidas" de que uma parte desses novos casos ocorre por reinfecção, dada a incidência de cepas mais transmissíveis. "Brasil é um país complexo e cada município está trabalhando duro", disse.
Epidemiologista responsável pela resposta da OMS à pandemia, Maria Van Kerkhove também atribuiu o aumento de casos no País às novas mutações, sobretudo a identificada em Manaus.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) negou que tenha cancelado plano de divulgar um relatório preliminar com as conclusões da investigação comandada pela entidade sobre as origens do coronavírus na China. Segundo representantes do órgão, a intenção é publicar o documento completo na semana de 14 de março.
Uma reportagem do jornal The Wall Street Journal, divulgada nesta sexta-feira, informou que as tensões entre americanos e chineses teria levado ao cancelamento do parecer. No entanto, em entrevista coletiva, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, prometeu transparência e garantiu o lançamento do relatório.