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OMC vê com bons olhos o processo de reformas no Brasil

Roberto Azevêdo, diretor-geral da organização, disse que a estabilidade é importante para que o país atraia investimentos

Roberto Azevêdo: "O crescimento econômico viceja quando você tem estabilidade" (Pierre Albouy/Reuters)

Roberto Azevêdo: "O crescimento econômico viceja quando você tem estabilidade" (Pierre Albouy/Reuters)

AB

Agência Brasil

Publicado em 25 de agosto de 2017 às 17h35.

O diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Roberto Azevêdo, disse hoje (25) que o organismo internacional vê com "bons olhos" o fato de o Brasil estar passando por reformas na economia.

"Muitos membros da OMC se referiram de forma elogiosa ao fato de que o país está em um momento de reformas", disse Azevêdo, que está em visita ao país.

Apesar de evitar comentar a forma como as reformas devem ser conduzidas e sobre o atual ambiente político do país, Azevêdo disse que a estabilidade é importante para que o Brasil atraia investimentos.

"O crescimento econômico viceja de forma mais vigorosa quando você tem estabilidade, previsibilidade, que são elementos muito importante no cálculo dos investimentos", declarou.

Ele avaliou, contudo, que a despeito dos problemas [políticos e econômicos], o momento no Brasil não é de todo ruim para atrair investidores.

"As taxas de juros internacionais continuam baixas. Então há um certo movimento de capital em busca de melhores remunerações", disse.

Questionado sobre o programa de privatizações divulgado recentemente pelo governo, Azevêdo disse que elas devem ocorrer considerando a busca dos investidores por "estabilidade, previsibilidade e lucratividade".

"Um processo de privatizações que ofereça condições de estabilidade, previsibilidade e remuneração adequada ao investidor, eu acho que tem boas chances de ser bem-sucedido", opinou.

Contencioso

Na próxima quarta-feira (30), a OMC divulgará relatório relativo a contencioso aberto pela União Europeia (UE) e Japão, que questionaram o Brasil pela política de subsídios ao setor automobilístico do programa Inovar Auto, no governo da ex-presidente Dilma Rousseff.

A decisão sobre o tema saiu no fim do ano passado e as partes já foram informadas. O relatório do organismo internacional, no entanto, segue sigiloso.

"É um relatório confidencial, até que saia. O governo brasileiro está olhando, já conhece o teor, agora é só a publicação. A partir daí, o governo vai decidir se vai fazer recurso ao órgão de apelação e vai ver o resultado", explicou.

Segundo Azevêdo, caso os incentivos sejam considerados irregulares em definitivo, o país não necessariamente sofrerá retaliação.

"Se for confirmada a incompatibilidade com as regras da OMC, o Brasil terá que alterar essas medidas [de subsídio ao setor automobilístico] e, ao fazê-lo, haverá novo exame para ver se as medidas corretivas são suficientes ou não. A partir desse momento, se for reiterado que as medidas corretivas não são suficientes, aí, sim, pode haver um processo de autorização de retaliação por parte dos demandantes", explicou.

Competitividade

Na manhã de hoje, Roberto Azevêdo deu palestra a empresários na Confederação Nacional da Indústria (CNI), onde defendeu a necessidade de investir na política industrial para aumentar a competitividade das empresas.

À tarde, reuniu-se com o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles.

Na quinta-feira (24) Azevêdo encontrou-se com o presidente da República, Michel Temer, e participou de audiência na Comissão de Relações Exteriores do Senado. Na próxima semana, irá a São Paulo.

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