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OIT elogia Brasil por criar empregos contra a crise

Relatório da organização defende que criação de empregos combinada com políticas sociais e macroeconômicas fizeram o país sair rapidamente da crise

Apesar dos elgios, a OIT pediu maior atenção ao combate à pobreza e à desigualdade (Daniela de Lamare)

Apesar dos elgios, a OIT pediu maior atenção ao combate à pobreza e à desigualdade (Daniela de Lamare)

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Da Redação

Publicado em 21 de março de 2011 às 15h11.

Genebra - O Brasil conseguiu sair da crise econômica de forma rápida e positiva graças a uma resposta focada no emprego e na combinação justa de políticas sociais, trabalhistas e macroeconômicas, segundo um estudo da Organização Internacional do Trabalho (OIT) publicado nesta segunda-feira.

"A estratégia inovadora do Brasil baseada na renda produziu uma recuperação da crise financeira mais rápida do que o previsto e fez com que a criação de emprego retornasse a valores positivos a partir de fevereiro de 2009, ainda antes de se reiniciar o crescimento econômico", diz o texto.

O relatório assinala ainda que "as políticas sociais e trabalhistas cuidadosamente desenhadas, implementadas ao lado de políticas macroeconômicas complementares, fizeram com que a recessão durasse apenas dois trimestres".

O relatório, intitulado "Brasil: Uma estratégia inovadora alavancada pela renda", mostra que o país criou mais de três milhões de empregos formais ao longo dos últimos dois anos e alcançou um crescimento econômico de mais de 7% em 2010, retornando assim aos níveis anteriores à crise.

"Ainda mais importante, o crescimento econômico e dos índices de emprego não foi alcançado às custas da equidade. Ao contrário: a informalidade e a desigualdade de renda diminuíram, apesar da crise", destaca o texto.

De acordo com o estudo, publicado pelo Instituto Internacional de Estudos do Trabalho e realizado conjuntamente com o escritório da OIT em Brasília, o êxito do Brasil se deve, em parte, às condições econômicas favoráveis que existiam no país antes da crise.

"O Brasil não ficou imune aos efeitos da crise financeira e econômica, mas teve um desempenho razoavelmente bom em comparação com muitos países em termos de rendimento econômico", disse o diretor do instituto, Raymond Torres.

"A experiência do Brasil mostra que a inclusão social e o crescimento econômico são objetivos compatíveis, sempre que aplicadas as políticas corretas", acrescentou.

O relatório lembra que já no início da crise - que acabou com cerca de 700 mil empregos formais apenas em novembro e dezembro de 2008 - o Governo brasileiro implementou com rapidez um pacote de medidas para combatê-la.

"Mas o êxito do Brasil pode ser explicado também através da habilidade do Governo de equilibrar políticas sociais e trabalhistas, por um lado, e políticas macroeconômicas e de crescimento econômico, por outro", destaca o estudo.

O relatório explica que o país também conseguiu manter o controle sobre o aumento do emprego informal, que durou pouco e continuou com sua tendência de queda ao longo da crise.

De fato, em seis das principais áreas metropolitanas, o número de trabalhadores sem carteira assinada diminuiu em 6,5% entre agosto de 2008 e agosto de 2010.

"O pacote de medidas de estímulo do Brasil, de 1,2% do PIB, era um dos mais baixos entre os países do G20 (Grupo dos Vinte, formado pelos países mais ricos e os principais emergentes)", disse Laís Abramo, diretora do Escritório da OIT em Brasília.

"Foi eficaz por duas razões: o Governo compreendeu que proteger e criar empregos era tão importante quanto o crescimento econômico, e porque as principais medidas foram tomadas a partir do diálogo social. Ambas as lições são vitais tanto em tempos de crise como na recuperação econômica", acrescentou a diretora.

No entanto, o relatório adverte que, no futuro, o Brasil "deveria dedicar mais atenção e mais recursos à intermediação no mercado de trabalho e à formação no emprego, duas áreas que não receberam recursos adicionais durante a crise".

O documento acrescenta que, apesar do progresso alcançado ao longo das duas últimas décadas, a pobreza e a desigualdade no Brasil permanecem altas com relação aos padrões internacionais.

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