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Odebrecht pagou reforma em sítio de Atibaia, diz engenheiro à Justiça

Operação Lava Jato diz que sítio é propriedade oculta de Lula, e que os recursos saíram do departamento de propinas da empresa

Homem de confiança da direção do Grupo Odebrecht, confirmou à Justiça Federal, que a empreiteira executou a reforma do sítio de Atibaia (Nacho Doce/Reuters)

Homem de confiança da direção do Grupo Odebrecht, confirmou à Justiça Federal, que a empreiteira executou a reforma do sítio de Atibaia (Nacho Doce/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 6 de novembro de 2018 às 12h26.

O engenheiro Emyr Diniz Costa Júnior, homem de confiança da direção do Grupo Odebrecht, confirmou à Justiça Federal, nesta segunda-feira, 5, que a empreiteira executou a reforma do sítio de Atibaia (SP), que a Operação Lava Jato diz ser propriedade oculta de Luiz Inácio Lula da Silva, e que os recursos saíram do caixa do Setor de Operações Estruturadas, o departamento de propinas da empresa. Lula sempre negou ser proprietário do sítio

Emyr é um dos 77 delatores da Odebrecht, que teve o maior acordo de colaboração da Lava Jato, homologado em janeiro de 2017. Ele já havia confessado ter sido escalado com engenheiro de confiança da empresa para executar a reforma do "sítio de Lula" e indicou como foi operacionalizada a obra, com pagamentos feitos via ex-segurança de Lula Rogério Pimentel, com valores recebidos do setor de propinas.

O engenheiro foi o primeiro réu do processo do sítio de Atibaia a ser ouvido pela juíza federal Gabriela Hardt, que substitui o titular da 13ª Vara Federal, Sérgio Moro, que está de saída para assumir o Ministério da Justiça, no governo do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL).

O ex-presidente será ouvido na próxima semana, no dia 14 de novembro - o petista está preso desde o dia 7 de abril, condenado a 12 anos e um mês no caso do triplex do Guarujá (SP).

Emyr detalhou à juíza da Lava Jato um suposto encontro que teve com o advogado Roberto Teixeira, compadre de Lula, três meses após o término da obra do sítio para que a reforma fosse regularizada formalmente. A Odebrecht não deveria aparecer no negócio.

"Fui lá instruído para poder encontrar uma forma de regularizar a obra para que não parecesse que a Odebrecht tinha feito a obra e que constasse que o senhor (Fernando) Bittar tivesse feito", afirmou o engenheiro.

Nesse processo, Lula é réu por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, acusado de ter recebido mais de R$ 1 milhão em propinas da Odebrecht, OAS e da Schahin na reforma da propriedade - que está registrada em nome de dois sócios e amigos dos filhos do ex-presidente.

Emyr disse que a Odebrecht construiu uma casa para os seguranças do ex-presidente, terminou quatro suítes do imóvel, reformou a piscina, que tinha vazamento, fez uma sauna, um alambrado do gramado do campo de futebol do sítio, e ainda ficou se fazer uma ampliação do lago e uma quadra de tênis que seria posteriormente executada.

O engenheiro disse que recebeu dinheiro do Setor de Operações Estruturadas e entregava em envelopes para o funcionário Frederico Barbosa que fazia o repasse para o segurança de Lula, que era quem ia até os fornecedores de materiais para a construção pagar.

"Em envelopes fechados para que o Frederico entregasse ao senhor Aurélio."

O engenheiro disse que o esquema era para ocultar a Odebrecht nas obras, que deveria ser entregues rapidamente para que o ex-presidente pudesse usar o sítio assim que deixasse a Presidência - Lula foi presidente até dezembro de 2010, ano em que o sítio foi comprado.

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