Rodoanel: cartel atuou nas licitações de obras do complexo viário em torno da cidade de São Paulo (OAS/Divulgação)
Fernando Pivetti
Publicado em 19 de dezembro de 2017 às 07h15.
Última atualização em 19 de dezembro de 2017 às 08h03.
São Paulo - A construtora Odebrecht entregou uma série de documentos ao Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) que apontam a formação de cartel para as obras do Rodoanel e em obras de desenvolvimento viário no estado de São Paulo, de acordo com reportagem publicada nesta terça-feira pelo jornal Folha de S. Paulo.
Segundo o texto, o esquema ocorreu entre 2004 e 2015, durante as gestões tucanas de Geraldo Alckmin, José Serra e Alberto Goldman, além de Claudio Lembo, do antigo PFL (hoje, DEM).
O cartel, de acordo com a Folha de S. Paulo, envolvia pelo menos 22 empresas, e teria começado com Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa, Odebrecht, OAS e Queiroz Galvão.
Ainda segundo a reportagem, não houve menção a pagamento de propina a servidores em troca de licitações.
Além do rodoanel, na lista e projetos estavam a construção do Complexo Jacú-Pêssego, a expansão das faixas da marginal do Rio Tietê, e obras nas avenidas Roberto Marinho, Chucri Zaidan, Cruzeiro do Sul e Sena Madureira.
Ainda de acordo com o jornal, que obteve um documento sobre a confissão da Odebrecht, as obras envolvidas no esquema de corrupção geraram um custo de 10 bilhões de reais ao governo do estado.
As apurações não têm um prazo definido para seres concluídas, mas, segundo a Folha, a previsão é que o processo seja finalizado no final do primeiro trimestre de 2018.
Ontem, a empreiteira Camargo Corrêa revelou a prática de cartel em 21 licitações que ocorreram em sete Estados e no Distrito Federal visando as obras em linhas de metrô.
Segundo as provas da empreiteira, o cartel operou entre 1998 e 2014 na Bahia, Ceará, Minas, Paraná, Rio, Rio Grande do Sul e São Paulo e no Distrito Federal.
Em São Paulo, duas obras na linha 2 (Verde) e uma na linha 4 (Amarela) do metrô São Paulo foram afetadas pelo esquema.