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Odebrecht Ambiental pagou R$ 4 milhões ao PDT, diz ex-diretor

Segundo depoimento, partido recebeu o dinheiro para que ingressasse na coligação da chapa presidencial de Dilma Rousseff-Michel Temer de 2014

Odebrecht: montante teria sido pago em espécie, no escritório do tesoureiro do PDT, Marcelo Panela, localizado no Rio (Guadalupe Pardo/Reuters)

Odebrecht: montante teria sido pago em espécie, no escritório do tesoureiro do PDT, Marcelo Panela, localizado no Rio (Guadalupe Pardo/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 3 de março de 2017 às 12h44.

Brasília - Em depoimento nesta quinta-feira, 2, ao ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Herman Benjamin, o ex-diretor da Odebrecht Ambiental Fernando Cunha Reis afirmou que foram pagos R$ 4 milhões ao PDT para que o partido ingressasse a coligação da chapa presidencial de Dilma Rousseff-Michel Temer de 2014.

A audiência com Cunha Reis foi feita no Rio e faz parte do processo que investiga se houve abuso de poder econômico e político por parte da chapa nas últimas eleições. Na quarta-feira, dia 1º, foi ouvido na mesma ação o executivo e ex-presidente da empreiteira Marcelo Odebrecht.

Segundo relatos, Cunha Reis detalhou que o pagamento foi feito em quatro parcelas - duas em agosto e o restante em setembro de 2014.

O montante teria sido pago em espécie, no escritório do tesoureiro do PDT, Marcelo Panela, localizado no Rio. Panela atuou como chefe de gabinete do presidente da legenda, Carlos Lupi, quando o dirigente comandou o Ministério do Trabalho, no segundo mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e na primeira gestão de Dilma.

De acordo com Cunha Reis, as negociações para o pagamento da legenda também envolveram o ex-vice-presidente de Relações Institucionais da Braskem Alexandrino de Salles Ramos de Alencar. A compra de apoio do PDT faria parte de um acordo maior que também envolveria outras legendas, como PRB, PROS, PCdoB e PP.

Apoio

Conforme revelou o jornal O Estado de S. Paulo em dezembro, ao todo, a Odebrecht colocou cerca de R$ 30 milhões na operação de compra de apoio dos partidos. O acordo é descrito, em diferentes pedaços da história, nas delações de Marcelo Odebrecht, ex-presidente e dono da empreiteira, e dos executivos Fernando Cunha Reis e Alexandrino Alencar.

Procurado pela reportagem, o presidente do PDT, Carlos Lupi, negou que tenha havido pagamento para o ingresso da legenda na coligação presidencial de Dilma.

"Isso é ridículo. O PDT foi o primeiro partido a declarar apoio à candidatura de Dilma. Ele (Cunha Reis) tem de provar o que está falando. Nunca participei de nada disso", ressaltou Lupi ao jornal.

Ponte

Além de Cunha Reis, também prestou depoimento nesta quinta ao TSE o ex-diretor da Odebrecht Infraestrutura Benedicto Barbosa da Silva Júnior, responsável por fazer a ponte entre a empresa e os políticos.

Na audiência, Benedicto ressaltou que nada sabia a respeito das negociações da Odebrecht com os candidatos à Presidência e que tal função era exercida diretamente por Marcelo Odebrecht. Em depoimento na quarta-feira ao ministro Benjamin, Marcelo disse que cabia a ele fazer a interlocução com os candidatos e que os valores doados em 2014 às campanhas de Dilma, Aécio Neves (PSDB), Eduardo Campos (PSB) e Marina Silva (Rede) foram definidos por ele.

Benedicto informou, contudo, que foi avisado por Marcelo Odebrecht sobre a doação de R$ 6 milhões a Paulo Skaf, candidato do PMDB ao governo de São Paulo em 2014. O valor fazia parte de um total de R$ 10 milhões que foram negociados com o PMDB. As negociações da doação envolveriam Marcelo Odebrecht, Cláudio Melo Filho (ex-diretor de Relações Institucionais da Odebrecht) e o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha.

O acerto, de acordo com Marcelo Odebrecht, foi fechado em jantar no Palácio do Jaburu, residência oficial do então vice-presidente Michel Temer, durante a campanha de 2014. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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