Porto de Itaqui: ex-prefeito João Castelo teria pedido dinheiro para campanha à Odebrecht (Divulgação/Divulgação)
Estadão Conteúdo
Publicado em 17 de abril de 2017 às 14h43.
As obras de expansão do porto de Itaqui, maior terminal da região Norte do País, localizado em São Luís (MA), foram alvos de conluio e combinação de preços entre as empreiteiras Odebrecht, Andrade Gutierrez e Serverg, além de envolverem o pagamento de caixa 2.
Os crimes foram detalhados pelo delator Raymundo Santos Filho, ex-executivo que atuava em operações da Odebrecht nas regiões Nordeste e Centro-Oeste.
Segundo o delator, as empreiteiras combinaram os preços das obras de reformas de dois berços de atracação do porto e da construção de um terceiro berço, obras que somaram mais de R$ 180 milhões e que tiveram início em 2006. "Procuramos a Andrade Gutierrez para fazer um acordo para atuar nessas obras", disse Santos Filho.
Juntas, as duas empreiteiras foram procurar a Serveng para combinar os preços das três obras, mas a empresa negou, porque já estava na região e queria ficar com a construção do terceiro berço, disse o relator.
Por conta disso, Odebrecht e Andrade acabaram ficando apenas com a expansão dos dois berços que já existiam.
Em 2008, disse o delator, o então deputado federal e presidente da Empresa Maranhense de Administração Portuária (Emap), João Castelo (PSDB), morto em dezembro de 2016, pediu dinheiro ao consórcio da Odebrecht e Andrade para financiar sua campanha para a prefeitura de São Luís, eleição que viria a vencer.
De acordo Raymundo Santos Filho, R$ 200 mil foram repassados a João Castelo em julho de 2008. "Essa ajuda foi prestada em dinheiro vivo", disse o delator. "A Andrade providenciou os recursos de R$ 200 mil."
A entrega do dinheiro, segundo ex-funcionário da Odebrecht, foi feita na residência do ex-executivo da Andrade Gutierrez, Marco Antônio de Castro, à filha do próprio João Castelo.
"Ele pediu a mim e ao Marco Antônio", disse Santos Filho. "Essa entrega foi feita, pelo que o Marco Antônio me relatou, à filha do João Castelo, chamada Gardênia Castelo."
O pagamento do caixa 2 era uma contrapartida dada a João Castelo que teria atuado em Brasília para destravar pagamentos das obras, os quais estavam atrasados pelo governo federal. No período, os contratos passaram por cinco termos aditivos.
Procurada, a empreiteira Andrade Gutierrez afirmou, por meio de sua assessoria, que não iria se pronunciar sobre as acusações. A reportagem enviou mensagem à Serverg e à Gardênia Castelo e, até a publicação deste texto, não obteve retorno.