Cabral: Pelos menos mais quatro grandes empreiteiras contratadas pelo Estado no período, já estão sendo investigadas (Wikimedia Commons)
Estadão Conteúdo
Publicado em 18 de novembro de 2016 às 19h09.
Rio, 18 - Todas as obras de grande porte realizadas no Estado do Rio de 2007 a 2014, duração dos dois mandatos do ex-governador Sérgio Cabral (PMDB), estão sob suspeita, informaram nesta sexta-feira, 18, os procuradores da República Lauro Coelho Junior e José Augusto Vagos, da força-tarefa da Lava Jato no Rio.
Eles acreditam que a prática de Cabral de cobrar propina de 5% não se restringia às construtoras Carioca Engenharia e Andrade Gutierrez, nas quais se concentraram as investigações que culminaram na prisão dele e de outros nove colaboradores, integrantes de seu esquema, nesta quinta-feira, 17.
Pelos menos mais quatro grandes empreiteiras, Odebrecht, Camargo Corrêa, Queiroz Galvão e OAS, contratadas pelo Estado no período, já estão sendo investigadas.
"Infelizmente essa era a regra do jogo, era como o gestor público tratava os negócios de Estado junto com as empresas privadas. Pelo menos nas obras de infraestrutura em que houve consórcios integrados pela Carioca, Andrade Gutierrez e outras grandes empreiteiras existe uma suspeita muito grande de que houve pagamento de propina, diante da dinâmica e da forma de atuar do ex-governador", afirmou Vagos.
O ex-governador usou o dinheiro para sustentar uma vida de luxo. Em seu apartamento foi encontrado um terno da grife italiana de alta costura Ermenegildo Zegna avaliado em R$ 22 mil.
Também implicada nas investigações, a ex-primeira-dama Adriana Ancelmo tinha tantos vestidos de festa que eles estavam arrumados em seu armário separados por grifes.
Segundo as investigações, Cabral recebeu mesada de R$ 350 mil da Andrade Gutierrez e R$ 200 mil (no primeiro mandato) e R$ 500 mil (no segundo) da Carioca.
Os valores eram entregues em espécie por executivos da empresa a emissários de Cabral. Entre as obras mais rentáveis estão a reforma do estádio do Maracanã para a Copa de 2014, a construção do Arco Rodoviário e o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) das Favelas.
Cada uma custou cerca de R$ 1 bilhão. Outra obra que rendeu propina foi a de terraplanagem no Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), em Itaboraí, no Grande Rio.