Marginal: Segundo a corporação, todos os trabalhadores conseguiram sair do local (Tiago Queiroz/Estadão Conteúdo)
André Martins
Publicado em 1 de fevereiro de 2022 às 10h19.
Última atualização em 1 de fevereiro de 2022 às 18h13.
Um acidente na obra do Metrô da Linha 6-Laranja, entre da Ponte do Piqueri e da Freguesia do Ó, no sentido Ayrton Senna, na Zona Norte de São Paulo, interditou totalmente a Marginal Tietê na manhã desta terça-feira, 1. Segundo informações do corpo de bombeiros, não há vítimas registradas.
Um desmoronamento ocorreu por volta das 9h e abriu um buraco na pista local. O trânsito no local está totalmente bloqueado, o que causa lentidão para quem trafega pela área. Parte de uma das faixas da pista local da Marginal já cedeu.
Imagens aéreas da TV Globo mostraram o asfalto se desfazendo e uma grande quantidade de água dentro do local onde a construção ocorria.
Em um primeiro momento, o Corpo de Bombeiros havia informado que a escavação feita por um "tatuzão" -- maquina que realiza a abertura de tuneis -- atingiu algum rio ou adutora, o que fez com que o túnel escavado se inundasse. Segundo a corporação, todos os trabalhadores conseguiram sair do local e dois funcionários da obra que tiveram contato com a água contaminada foram socorridos “por precaução”.
Já ao portal G1, o Secretário de Transportes Metropolitanos, José Galli, disse que o rompimento de uma coletora de esgoto próximo ao poço causou o acidente, mas que este não teria sido causado pelo tatuzão.
“Houve o rompimento da galeria que passa no sentido transversal ao túnel e houve o início de vazamento às 8h21. O solo não aguentou. A tuneladora passava a 3 metros dessa galeria, portanto não houve um impacto da tuneladora com a galeria”, afirmou o secretário, que disse não ser ainda possível estimar possíveis atrasos nas obras da Linha 6-Laranja, cuja entrega é prevista para 2025.
Em entrevista coletiva no local, o governador João Doria reforçou a informação sobre a causa do acidente e anunciou no início da tarde que o trânsito seria liberado imediatamente. "Esta pista da Marginal e a alça serão liberadas de imediato porque já se constatou que não há nenhum risco para a operação desta pista. Já vai aliviar bastante o trânsito que se acumulou – declarou o governador. – Esta pista interna, ainda não. Por segurança ela continuará sendo imobilizada pela equipe da Prefeitura – explicou Doria.
Ao lado do governador, o presidente da Acciona no Brasil, André De Angelo, negou que a máquina que perfura o túnel tenha se chocado com a rede de esgoto.
"Não houve nenhum choque entre o tatuzão com as redes coletoras ou adutoras. Não houve nenhum choque", assegurou. "Estamos buscando as causas agora. Provavelmente tem a ver com as chuvas, com erosões, porque a tuneladora estava a três metros dessa coletora, então não houve nenhum choque", insistiu.
Obra do metrô acaba de desmoronar e "engolir" um pedaço da Marginal Tietê em SP 🤦🏽♂️ pic.twitter.com/g4qJ8hqI73
— Gianvitor Dias 😼 (@Gianvitor) February 1, 2022
A Marginal Tietê é uma das principais vias expressas da cidade de São Paulo e liga, por exemplo, a capital paulista às rodovias Presidente Dutra, Ayrton Senna e ao Aeroporto Internacional de Guarulhos, o mais movimentado do país.
Dados da CET já mostravam o efeito do bloqueio sobre os indicadores de lentidão no trânsito da cidade. Por volta das 10h a lentidão atingiu a média superior do registro, com 5,9% das vias monitoradas. A Marginal sentido Ayrton Senna registrava engarrafamento estimado de 7 quilômetros, o que se reflete também em outras ruas e avenidas das imediações. Havia também lentidão no sentido contrário da Marginal Tietê.
Por volta das 13h, a CET informou que São Paulo mostrava 47 quilômetros de lentidão, sendo 15 deles na Zona Norte, e 31 na Zona Oeste.
Em razão da ocorrência, o rodízio municipal de veículos está suspenso nesta terça-feira, tanto o do período da manhã quanto o da tarde/noite.
A obra da Linha 6-Laranja é responsabilidade da concessionária Acciona. A Linha tem a previsão de interligar o bairro da Brasilândia, na zona norte, à Estação São Joaquim, na região central da capital.
A obra tem 15 quilômetros de estação e previsão de construção de 15 estações. A previsão do governo do estado é que a linha, quando estiver pronta, deverá transportar 630 mil passageiros por dia.
Paradas por quatro anos, desde setembro de 2016, as obras foram reiniciadas em outubro de 2020. O contrato da implantação, manutenção e operação da linha foi comprado pela empresa espanhola Acciona em 2019. Antes ele era do consórcio Move São Paulo (formado pela Odebrecht TransPort, a Queiroz Galvão e a UTC Engenharia).
Embora o contrato do consórcio anterior tenha sido assinado em 2013, as obras foram iniciadas apenas em abril de 2015 e paralisadas no ano seguinte. Em 2008, o estado chegou a noticiar que a linha começaria a operar de forma parcial em 2012 e integralmente três anos depois.
Esse não é o primeiro acidente em obras do Metrô na cidade de São Paulo. Em 2007, um desmoronamento no canteiro de obras da Linha-4 Amarela onde estava sendo construída a estação Pinheiros provocou a abertura de uma cratera de 80 metros de diâmetro próximo da Marginal Pinheiros. Sete pessoas foram soterradas no desabamento e morreram.
Com informações do Estadão Conteúdo e agência Reuters.