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Querem me rotular como corrupto ou como dono de laranjal, diz Bolsonaro

Presidente disse acreditar que há exageros na investigação de candidaturas-laranja e afirma que processo tem objetivo de atingi-lo

Jair Bolsonaro: presidente afirmou que quem fez o inquérito "agiu de má-fé" (Amanda Perobelli/Reuters)

Jair Bolsonaro: presidente afirmou que quem fez o inquérito "agiu de má-fé" (Amanda Perobelli/Reuters)

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Reuters

Publicado em 10 de outubro de 2019 às 20h30.

Última atualização em 10 de outubro de 2019 às 20h59.

Brasília — O presidente Jair Bolsonaro disse nesta quinta-feira (10) acreditar que há exageros na investigação que envolve o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, em desvio de recursos eleitorais e que o objetivo final é atingi-lo.

"A intenção não é atingir o ministro. Não sei se é culpado, se é inocente. Pelo que eu sei até o momento há um exagero no inquérito. Vamos aguardar o desenrolar do processo, mas há um exagero e a intenção não é o Marcelo. Em primeiro lugar sou eu, Bolsonaro, querem me rotular como corrupto ou como dono de laranjal", afirmou o presidente em sua live semanal.

O ministro do Turismo foi indiciado pela Polícia Federal e denunciado pelo Ministério Público por ter, como presidente do PSL de Minas Gerais, registrado a candidatura de candidaturas-laranjas para cumprir a cota de mulheres exigidas pela lei e ter usado o recurso recebido por eles do fundo eleitoral em sua própria campanha.

Segundo o jornal Folha de S.Paulo, depoimento dado à PF e planilha sugerem que dinheiro de um suposto esquema do PSL em Minas Gerais foi desviado por caixa 2 às campanhas de Álvaro Antônio e do presidente, o que Bolsonaro nega.

Segundo o presidente, quem fez o inquérito "agiu de má fé" e que o investigado respondeu apenas "acho que sim" a uma pergunta sobre se os recursos poderiam ter sido usados na campanha presidencial.

"Isso é uma covardia, quem fez esse inquérito agiu de má fé. Ou devia se aprofundar. Isso é pergunta que se faça? 'Acho' e bota lá?", reclamou.

OCDE

Bolsonaro afirmou que não houve mudança de posição dos Estados Unidos em relação ao apoio da entrada do Brasil na Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), apenas que outros países estão antes na fila antes.

"Estamos praticamente chegando lá, mas dois países estavam na nossa frente, Argentina e Romênia", disse o presidente, justificando o recuo norte-americano. "O Brasil, vai chegar sua hora. Mas não é de hoje para amanhã, leva tempo. Nessa questão da OCDE continuamos firmes e fortes, se Deus quiser, daqui a um ano, um ano e meio estaremos lá."

Bolsonaro afirmou ainda que pediu a ajuda no primeiro encontro que teve com o presidente norte-americano, Donald Trump, e ele "imediatamente" deu apoio. "Mas não depende só dele", defendeu.

Na verdade, o governo norte-americano tem o poder de vetar a entrada de um país na organização. Sem seu apoio, o Brasil não conseguirá fazer parte da OCDE.

Na viagem de Bolsonaro aos Estados Unidos, em março deste ano, o governo brasileiro chegou a anunciar o apoio dos Estados Unidos, mas no documento da visita não constava. No entanto, na declaração oficial, Trump reafirmou o apoio, desde que o Brasil cumprisse algumas condições. Entre elas, deixar de ser beneficiário da lista de países com tratamento diferenciado na Organização Mundial do Comércio, um grupo que os EUA querem abolir, o que o Brasil se comprometeu a fazer.

Juros

Presidente também falou sobre o futuro dos juros no país. Ele afirmou que como a inflação está baixa e deve ficar abaixo do meio da meta, existe a possibilidade de a taxa Selic chegar ao fim do ano em 4,5%. Ao lado do presidente da Caixa, Pedro Guimarães, Bolsonaro comentou sobre o efeito da queda de juro sobre a dívida pública. Ele observou que, a cada ponto porcentual de queda no juro básico, a redução da dívida é da ordem de R$ 40,5 bilhões.

O presidente também disse que, apesar de a Selic recuar, as taxas de juros do cheque especial continuam elevadas. Ele perguntou para o Guimarães sobre as taxas no banco público. O presidente da Caixa respondeu que o juro do cheque especial na instituição caiu de 14,99% para 8,99%.

Ao comentar sobre as taxas de juros praticadas pela Caixa, Bolsonaro frisou que não existe nenhuma interferência dele na "Caixa Econômica Federal". Bolsonaro afirmou que a Caixa é o banco "da matemática, de todos os brasileiros e dos mais humildes".

Na transmissão, Bolsonaro elogiou sua equipe ministerial e, em especial, o ministro da Economia, Paulo Guedes. "O Brasil praticamente recuperou a confiança na Economia", disse o presidente. Bolsonaro ainda afirmou que Paulo Guedes foi responsável pela transformação: "Mudou a minha cabeça em muita coisa".

Base de Alcântara, colégio militar e viagens

O presidente disse que o projeto do acordo da Base de Alcântara (MA) será pautado no plenário da Câmara na próxima semana pelo presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ).

"Estive a semana passada com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia. Ele é o dono da pauta no Parlamento e coloca em votação na semana que vem o acordo entre Brasil e Estados Unidos sobre o Centro de Lançamentos de Alcântara, para aumentar o seleto grupo de países que lança satélites", afirmou Bolsonaro. A resolução, se aprovada, permitiria o uso da base para fins comerciais.

Ele também comentou a inauguração do colégio militar previsto para funcionar onde hoje fica o aeroporto Campo de Marte (zona norte de São Paulo), que seria o maior do Brasil. "Já está bastante avançada a sua documentação para começar a construção no ano que vem", disse Bolsonaro. A obra faz parte do projeto do governo federal de parcerias com os Estados para a implementação de escolas cívico-militares.

Bolsonaro falou ainda sobre a viagem diplomática para países ocidentais que deve começar no dia 21 deste mês. O primeiro país a ser visitado é o Japão para "entronização do 'rei'", em referência ao Imperador Naruhito.

Na sequência, a comitiva presidencial passará pela China, Catar, Arábia Saudita e Emirados Árabes, em uma viagem que deve durar 11 dias. "O mundo todo quer fazer negócio com o Brasil", afirmou Bolsonaro, que reforçou: "A palavra chave é 'confiança'".

(Com Reuters e Estadão Conteúdo)

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