Ophir Cavalcante: "o conflito continuará enquanto não houver uma política de ocupação, reforma agrária,e ações nas áreas de educação e de saúde" (Wilson Dias/ABr)
Da Redação
Publicado em 3 de junho de 2011 às 14h54.
Brasília – O presidente do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Ophir Cavalcante, disse hoje (3) que a entidade cobrará do Estado proteção às pessoas ameaçadas de morte em decorrência dos conflitos que resultaram no assassinato de diversas lideranças rurais na Região Norte.
De acordo com Cavalcante, o Estado precisa garantir a vida de todas as pessoas ameaçadas de morte que constam de lista feita pela Pastoral da Terra. “É necessária a compreensão de que a morte virá para essas pessoas. Por isso, o Estado precisa reagir e dar garantia de vida a elas” disse ele à Agência Brasil.
Ontem (2), mais um trabalhador rural sofreu emboscada e foi morto em Eldorado dos Carajás, no Pará – mesmo local onde, em 1996, houve um massacre de trabalhadores rurais. Marcos Gomes da Silva é o quarto agricultor morto em menos de dez dias na região.
No dia 24 de maio, o casal de ativistas José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo da Silva foi morto a tiros em Nova Ipixuna, também no Pará, e três dias depois foi assassinado o líder rural Adelino Ramos, em Vista Alegre do Abunã, em Rondônia. Adelino integrava o Movimento Camponês Corumbiara e tinha denunciado a retirada ilegal de madeira na região.
Ophir Cavalcante acrescentou que o diretor do Conselho Federal da Ordem, Miguel Cançado, viajará à região a convite do senado, para visitar os locais de conflitos. “Essas mortes sempre existiram, e o conflito continuará enquanto não houver uma política de ocupação, reforma agrária,e ações nas áreas de educação e de saúde. E para isso é fundamental um trabalho em conjunto envolvendo os governos federal e estadual.”
Ao tomar conhecimento do assassinato de Marcos Gomes da Silva, o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, disse ontem (2) que o governo vai tomar “medidas mais duras” para enfrentar a violência no campo na Amazônia.