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O que se sabe sobre os jovens encontrados mortos em uma BMW em Camboriú-SC

De acordo com investigações, vítimas teriam sofrido parada cardiorrespiratória após intoxicação por monóxido de carbono

 (Felipe Sales/NSC TV/Reprodução)

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Agência o Globo
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Publicado em 2 de janeiro de 2024 às 12h31.

Última atualização em 2 de janeiro de 2024 às 12h56.

Quatro jovens foram encontrados mortos dentro de uma BMW perto de uma rodoviária na manhã desta segunda-feira, em Balneário Camboriú, no Litoral Norte de Santa Catarina. A principal linha de investigação da Polícia Civil indica que uma customização recente no cano de escape do veículo gerou uma falha mecânica que teria levado monóxido de carbono para dentro do carro, causando a morte do grupo.

O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) comunicou em nota que chegaram ao local às 7h29 e constataram que as quatro vítimas estavam dentro do veículo estavam em parada cardiorrespiratória.

Seguindo os protocolos de atendimento, tentaram reanimar os corpos, mas sem sucesso. Às 8h17, foram declarados os óbitos no local. Em coletiva, o delegado responsável pelo caso, Bruno Effori, afirmou que teria ocorrido um vazamento entre o motor e o painel do veículo, causando uma intoxicação e asfixia nos quatro jovens, que permaneceram no carro e acabaram se contaminando. Entre as vítimas estavam Nicolas Kovaleski, de 16 anos, Karla Aparecida dos Santos, de 19 anos, Tiago de Lima Ribeiro, de 21 anos e Gustavo Pereira Silveira Elias, de 24.

No local, a polícia identificou uma testemunha que conhecia os jovens e teria viajado de ônibus de Minas Gerais a Santa Catarina, para encontrar familiares e amigos. Foi apurado que uma parte da família havia se mudado há cerca de um mês da cidade de Paracatu (MG) para a região da Grande Florianópolis com o intuito de abrir uma empresa, e foram passar o ano novo em Balneário Camboriú.

Alguns familiares retornaram com um veículo para Florianópolis, enquanto os quatro jovens foram com a BMW/320i M Sport, fabricada em 2022, para a rodoviária buscar a namorada de um deles. No local, os quatro começaram a passar mal, com sintomas como enjoo, vômito e tremedeira. Por isso, decidiram esperar que os sintomas passassem antes de seguir viagem. Eles ficaram no interior do veículo com ar-condicionado ligado.

A namorada de uma das vítimas, que chegou de ônibus, não estava com os sintomas e ficou entrando e saindo do veículo, aguardando os outros melhorarem para pegarem estrada até Florianópolis. Porém, em uma das vezes que voltou até o carro, após ficar entre 30 e 40 minutos do lado e fora, ela constatou o óbito das vítimas.

De acordo com a testemunha, os quatro jovens estavam com os olhos bem vermelhos e esbugalhados, havia vômitos por todo o veículo, uma das vítimas estava com o braço arroxeado e outra com sangue saindo pela boca.

A polícia, que já solicitou as câmeras de segurança das rodoviárias, segue apurando se a causa da morte foi realmente a customização no cano de escape, sem descartar a possibilidade de outras linhas de investigação caso tomem o conhecimento de outras provas. De acordo com o delegado, o IML informou que não há sinais de violência no corpo das vítimas, o que descartaria mortes violentas.

Intoxicação por monóxido de carbono

A professora Tatiana Saint-Pierre, do Departamento de Química do Centro Técnico-Científico (CTC) da PUC-Rio, explica como funciona essa a intoxicação por monóxido de carbono, que teria sido responsável pela morte do grupo.

"Na combustão incompleta, a pessoa primeiro desmaia com o gás carbônico e depois morre com o monóxido. É uma morte por asfixia. Por isso, se uma pessoa é encontrada desmaiada nessas circunstâncias, mas com vida, precisa ser submetida à oxigenação urgentemente. Mesmo sobrevivendo, ela pode ter sequelas", afirma Saint-Pierre.

De acordo com Saint-Pierre, um dos primeiros sinais da combustão incompleta é a presença do gás carbônico. Isso porque, antes de gerar o monóxido de carbono, a falta de oxigênio provoca no ambiente um excesso de gás carbônico, outro produto da combustão. Embora o gás carbônico não seja propriamente venonoso, ele pode causar, se inalado em grandes quantidades, dor de cabeça, dificuldade para respirar, tonturas e desmaio, entre outros sintomas.

A explicação se relaciona com o nível de confinamento do ambiente. Para acontecer da maneira correta, a combustão sequestra o gás oxigênio disponível, permitindo que as chamas dentro do aquecedor se mantenham. Esta é a combustão completa. Contudo, se o cômodo for mal ventilado, a combustão roubará todo o oxigênio existente no local e, na falta dele, passará a produzir o monóxido de carbono.

Ao contrário do gás encanado — que, para evitar acidentes, tem um odor artificial adicionado quimicamente —, o monóxido de carbono não produz cheiro algum, o que dificulta muito o seu reconhecimento.

Tio mostra mensagens com vítima

O ex-participante do Masterchef Bruno Nogueira compartilhou as últimas mensagens que trocou com o seu sobrinho, Gustavo Pereira Silveira Elias, uma das vítimas. Gustavo tinha 24 anos e havia se mudado para Florianópolis há poucos dias. No natal, o jovem afirmou ao tio que a mudança se tratava da realização de um sonho: "Reza por mim", pediu a Bruno.

"Te amo muito também. Lembra que eu te falei que tinha coisas boas vindo? Me mudei ontem para Florianópolis. Vim para cá em busca de networking, ficar rico. Reza por mim e me deseja sorte", disse Gustavo Elias.

Ao publicar a captura de tela da conversa, Bruno Nogueira lamentou: "Oh Deus, ele era um menino tão bonzinho. Tio te ama muito". Em outro post, fez uma homenagem ao sobrinho: "Tu foi atrás dos seus sonhos. Você só queria tirar a gente dessa vida. A vida que a gente tinha era perfeita. A gente não precisava".

Nas redes sociais, Gustavo descrevia que havia "projetos futuros vindo". Em sua última publicação, feita há três dias, o mineiro pedia para que seus seguidores acompanhassem seu perfil, pois tinha "planos massa na cabeça". "O começo", escreveu na legenda.

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