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O que querem os brasileiros que vão para a rua em apoio a Trump

Ato deve acontecer em quatro cidades. Até o final da tarde desta sexta-feira, 1,2 mil confirmaram presença no evento

O candidato republicano, Donald Trump: impacto no mercado brasileiro (Carlo Allegri/Reuters Brazil)

O candidato republicano, Donald Trump: impacto no mercado brasileiro (Carlo Allegri/Reuters Brazil)

Talita Abrantes

Talita Abrantes

Publicado em 29 de outubro de 2016 às 06h05.

Última atualização em 30 de dezembro de 2016 às 16h56.

São Paulo — Nem verde e amarelo, muito menos vermelho. Os manifestantes que pretendem ocupar um trecho da avenida Paulista, região central de São Paulo, neste sábado (29) irão trajar azul em um ato de apoio a Donald Trump, o candidato republicano à presidência dos Estados Unidos.

O evento é organizado pelos grupos Juntos pelo Brasil, Direita São Paulo e Crítica Nacional. Segundo o estudante de Direito Dennis Heiderich, um dos idealizadores do ato, a ideia é fazer um contraponto ao teor do conteúdo divulgado pela imprensa nacional, geralmente, com críticas ao candidato — que,  segundo os movimentos, seriam desequilibradas.

De acordo com Heiderich, ir para a rua agora seria também uma forma de começar a mobilizar militantes contra eventuais ataques à candidatura do deputado federal Jair Bolsonaro para a presidência da República em 2018.

“Há dois pesos e duas medidas. Queremos mostrar para a mídia que não concordamos com isso e que a gente não se deixa convencer”, afirma Heiderich, que tem 25 anos e foi militante da campanha de Dilma Rousseff, em 2014, mas mudou de lado depois da onda de protestos em 2015.

O estudante afirma que apoia a eleição de Trump porque ele representa uma ruptura com o sistema “globalista liderado pela ONU”, que, segundo ele, cerceia a liberdade dos países para legislar segundo seus próprios valores.

O candidato republicano, na visão de Heiderich, também tem potencial para reforçar o sistema liberal econômico em todo o globo. “As decisões dele podem ser vantajosas para o Brasil, que procura neste momento diminuir o Estado. Afinal de contas, foi esse agigantamento do Estado que levou o país a essa crise aterradora”, afirma.

Heiderich também aprova as políticas de imigração propostas por Trump, um dos pontos mais polêmicos de sua campanha. “Nós somos contra toda forma de corrupção, então somos contra a imigração ilegal. No Brasil, a gente vê um monte de bolivianos e haitianos entrando de forma ilegal e tirando nossos empregos. Um presidente tem que valorizar o seu povo em primeiro lugar”, diz.

Vale lembrar que, entre 2011 e 2014, o Ministério do Trabalho autorizou apenas 11,4 mil carteiras de trabalho permanentes para estrangeiros — o que representa 0,1% do total de pessoas ocupadas no Brasil em outubro.

Apesar de defender um estado laico, Heiderich afirma que é preciso também resgatar os valores da cultura judaico-cristã. “Não estou falando que o país tenha que ser dirigido com uma bíblia na mão. Mas o que eu digo da cultura judaico-cristã é defender a família. Essa questão de direitos humanos é completamente torta, as pessoas de bem precisam ser colocadas em primeiro lugar, não os marginais”, diz.

Sobre as acusações de abuso sexual que cercam Trump, o estudante rebate dizendo que recaem sobre o ex-presidente dos Estados Unidos Bill Clinton, marido da candidata democrata Hillary Clinton, suspeitas mais graves já que, recentemente, três mulheres o acusaram de estupro. Além disso, segundo ele, Hillary teria ameaçado uma dessas mulheres.

Até o final da tarde de sexta-feira, 1,2 mil pessoas tinham confirmado presença nos atos que também deve acontecer em Brasília (DF), Rio de Janeiro (RJ) e Vitória (ES). Segundo ele, o número de participantes não importa. “O que vale é o simbolismo. Mostrar que não somos manipulados”, afirma.

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