(Scott Olson/Getty Images)
Valéria Bretas
Publicado em 16 de fevereiro de 2017 às 05h55.
Última atualização em 16 de fevereiro de 2017 às 11h26.
São Paulo – O pente-fino no programa de entrega de leite para crianças da prefeitura São Paulo já tem data para entrar em vigor: a partir de março, a prefeitura vai cortar o benefício para 484,5 mil crianças e adolescentes. Desde 1995, quando o programa Leve Leite foi criado, jovens de até 14 anos matriculados na rede municipal de ensino tinham direito ao alimento.
Neste ano, porém, a prefeitura decidiu atender apenas crianças de 0 a 6 anos e ampliar a entrega àquelas da mesma faixa etária que estão em situação de pobreza e fora da escola. Além do corte na idade, a quantidade do produto também será alterada. Com a mudança, o prefeito João Doria (PSDB) estima reduzir os gastos em cerca de 55%.
A Secretaria da Educação diz que o recorte se justifica, pois o leite está incluso em quantidade adequada nas refeições das unidades escolares. Dessa forma, segundo a pasta, o alimento entregue servirá para os finais de semana. Já a prioridade aos mais pobres visa reduzir o déficit de cálcio na primeira infância, período que compreende ente o nascimento até os primeiros seis anos de vida.
Em contrapartida, na avaliação de nutricionistas consultados por EXAME.com, o leite é necessário em todas as faixas etárias e, considerando que as famílias são de baixa renda e podem não ter acesso a outras fontes de cálcio, a ausência do alimento poderia gerar impactos nutricionais negativos às crianças de 7 a 14 anos.
"Cerca de 40% da massa óssea de uma pessoa é formada até os 14 anos", diz a nutricionista da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Rosana Farah. "Uma dieta pobre em cálcio durante a fase de desenvolvimento aumenta a probabilidade do indivíduo desenvolver osteopenia e osteoporose [problemas na estrutura dos ossos] na idade adulta."
Veja, no infográfico, como vai ficar o programa Leve Leite.