São Paulo - O discurso da Presidente
Dilma Rousseff na COP21 não chamou tanta atenção pelo conteúdo dos compromissos brasileiros para combater as
mudanças climáticas, quanto por tocar numa ferida aberta brasileira — a tragédia de Mariana e a contaminação do Rio Doce. Diante de mais de 150 chefes de Estado e de Governos do mundo, Dilma classificou o rompimento da barragem "como o maior desastre ambiental da história do Brasil" provocado pela "irresponsabilidade de uma empresa", e prometeu punições severas para os responsáveis. O desastre em
Minas Gerais, segundo Dilma, é um dos fortes golpes que o Brasil vem enfrentando, ao lado de fenômenos climáticos, como as
secas no Nordeste,
chuvas e
inundações no Sul e no Sudeste, e do fenômeno El Niño. (
Veja 5 perguntas para entender a COP21)
Ações brasileiras A presidente destacou em seu discurso as ações do governo e da sociedade brasileira para combater as mudanças climáticas. As promessas contemplam mudanças importantes para áreas de uso da terra e florestas, agropecuária, energia e eficiência e integram uma agenda de sustentabilidade para 2030 que foi
apresentada em setembro deste ano. Para especialistas em clima e
meio ambiente, o discurso da presidente Dilma Rousseff não trouxe novidades — apesar de parecerem, como a promessa de que o Brasil irá aprofundar os esforços de redução de emissões de desmatamento com a Estratégia Nacional de REDD+. “Esta estratégia, em discussão há mais de cinco anos em Brasília, existe apenas nas intenções do governo e ainda sequer foi colocada em consulta pública, cobrança que já fizemos reiteradas vezes ao governo”, salienta Carlos Rittl, secretário executivo do Observatório do Clima. Outro ponto criticado é a posição defendida pela Presidente de que a meta que o Brasil assumiu é maior do que sua responsabilidade. "Não é: a meta brasileira, embora maior do que a de vários países, é claramente insuficiente para conter o aquecimento abaixo de 2°C, como todos os chefes de Estado se comprometeram a fazer. “Se todos os países saírem de Paris com a convicção demonstrada pela presidente de que estão fazendo o bastante, o mundo estará no rumo seguro de um desastre climático neste século”, conclui Rittl. Carlos Nomoto, secretário-geral da ONG WWF também não viu avanços no discurso brasileiro, como mostra seu tuíte: