MICHEL TEMER: segundo o jornal O Estado de S. Paulo, relatório da PF afirma que o presidente recebeu 31,5 milhões de reais em propina / Beto Barata/PR/Divulgação (Beto Barata/PR/Divulgação)
Da Redação
Publicado em 12 de setembro de 2017 às 06h52.
Última atualização em 12 de setembro de 2017 às 09h56.
Nesta terça-feira o presidente Michel Temer tem apenas um evento na agenda oficial: uma reunião-almoço com representantes da indústria e centrais sindicais. Na pauta está a retomada da economia que tanto tem animado o governo e analistas econômicos.
Ontem, a bolsa bateu seu recorde histórico, e uma nova edição do boletim Focus, do Banco Central, melhorou as previsões para o crescimento da economia para 2017 (de 0,5% para 0,6%) e para 2018 (de 2% para 2,10%).
O problema, para o Planalto, é que as investigações não dão trégua. Também nesta terça-feira o Supremo Tribunal Federal deve começar a analisar o inquérito que investiga o chamado “PMDB da Câmara”, alvo de inquérito enviado ontem pela Polícia Federal.
O grupo inclui o presidente Michel Temer, os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência) pelo crime de organização criminosa.
Os investigadores incluem ainda os ex-presidentes da Câmara Eduardo Cunha (RJ) e Henrique Eduardo Alves (RN) e o ex-ministro Geddel Vieira Lima, os três presos.
A PF atribui ao grupo as práticas dos delitos de corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro, entre outros. Segundo o jornal O Estado de S. Paulo o relatório da PF afirma que o presidente recebeu 31,5 milhões de reais em propina a partir da suposta atividade criminosa do grupo.
O documento já foi enviado ao Ministério Público Federal e deve ser um dos elementos que subsidiarão nova denúncia do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, contra Temer, a ser apresentada até sexta-feira – no próximo dia 17, ele deixa o cargo, que passará a ser ocupado por Raquel Dodge.
Considerado operador de propinas do PMDB, Lúcio Funaro também foi citado no relatório. Ele fechou acordo de delação premiada com a Procuradoria-Geral da República, homologado na semana passada pelo relator da Operação Lava Jato no STF, ministro Edson Fachin.
Em seus depoimentos, Funaro afirmou que Temer não apenas sabia dos esquemas de corrupção do partido como participou deles, recebendo propinas ou intermediando dinheiro ilícito a campanhas de aliados. As revelações do doleiro também devem ser usadas por Janot na denúncia contra o presidente.
Michel Temer declarou, em nota, que não participou de quadrilha. Uma nota presidencial com esse tipo de negativa já é, por si só, uma péssima notícia para o Planalto.
(Com Veja.com)