A semana que começa tem apenas três dias úteis, e três controversos personagens nos holofotes. O primeiro é o ex-presidente da Câmara e deputado afastado Eduardo Cunha. Na semana passada, Cunha disse que a decisão do Supremo Tribunal Federal que o afastou do cargo não o proíbe de frequentar a Câmara e que ele vai voltar a dar expediente. “A partir de segunda-feira, vocês me encontram no gabinete 510”, disse em depoimento ao Conselho de Ética na semana passada. Mas, após consultar seus advogados, ele pode rever a decisão. Dúvida no ar, portanto.
Seu retorno pode acirrar os ânimos na Casa. Um grupo de deputados — de partidos de oposição e de situação — considera a possível volta de Cunha à Câmara uma afronta. “O Supremo não disse que ele poderia vir aqui, fazer as articulações políticas como já está fazendo. Isso aí configura obstrução à Justiça”, disse o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) no Conselho de Ética na semana passada. “Chegará o momento em que o STF vai pedir a sua prisão”, disse Nelson Marchezan Junior (PSDB-RS).
O segundo nome ajuda a corroborar a tese de que Cunha continua dando as cartas na Câmara. Trata-se do o novo líder do governo na Casa, André Moura (PSC-SE), um dos principais aliados de Cunha. Esta semana é decisiva para ele mostrar que consegue resistir à pressão. Moura é rejeitado por partidos aliados, como o DEM e o PSDB, e duramente criticado pela oposição. O chamado “centrão” deve tentar emplacar um nome para o cargo recém-criado “líder da maioria”, que deve servir para fazer contrapeso ao governo.
O terceiro nome é o mais crítico para o governo Temer: o novo ministro do Planejamento, Romero Jucá. Na sexta-feira, o Ministério Público Federal conseguiu no Supremo a quebra do sigilo bancário e fiscal de Jucá. Neste caso, o ministro é investigado por liberação de emendas para obras superfaturadas. Em paralelo, ele é citado na Lava-Jato e em mais quatro inquéritos. Jucá afirmou na sexta que não há demérito em ser investigado. Nesta segunda-feira, porém, o jornal
Folha de S. Paulo divulgou que, em gravação feita em março, Jucá sugeriu um pacto para deter o avanço da Lava-Jato sobre seu partido, o PMDB. Qual o impacto de mais essa denúncia sobre um dos homens mais fortes do novo governo?
São três histórias que se cruzam — e que podem ser decisivas para Temer.