Eleitor vai às urnas em Belém (PA) (Tânia Rêgo/Agência Brasil/Agência Brasil)
Marcelo Ribeiro
Publicado em 2 de outubro de 2016 às 07h00.
Brasília – Há quase dois anos, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) implantou uma nova solução tecnológica para as eleições no Brasil: o sistema de identificação com base em digitais. Nesse meio tempo, já mapeou mais de 20 mil casos de duplicidade ou pluralidade de registros -- ou seja, casos em que para uma mesma biometria, existiam dois ou mais eleitores cadastrados.
"O sistema foi instalado em 2014. Já temos 50 milhões de eleitores individualizados – em um universo de 146 milhões, o que garante a unicidade do eleitorado”, afirma Giuseppe Janino, secretário de Tecnologia da Informação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em entrevista a EXAME.com.
Dos 5.568 municípios do país, 1.540 contarão com o voto biométrico na eleição deste ano. Outros 840 terão um sistema híbrido.
O que a biometria faz?
O sistema utiliza os dados das digitais para confrontar registro por registro. “Se eu colocar um novo registro eleitoral no sistema, ele será comparado a todos os milhões já existentes para evitar que uma pessoa tire um título eleitoral com outro nome”, diz Janino.
Diariamente, o programa do TSE realiza uma varredura em quase 200 mil registros biométricos. Conforme inconsistências ou fraudes são identificadas, a informação é enviada aos órgãos investigadores. Os títulos emitidos são imediatamente cancelados até que as incoerências sejam esclarecidas.
Ou seja: além de identificar cidadãos com precisão, o sistema impede que uma pessoa se passe por outra no momento da votação.
O dono de 51 mil títulos de eleitor
Das 20 mil duplicidades, um caso chama a atenção: o de Claudeomir Padre Lemos, que chegou a tirar 51 títulos eleitorais, com identidades diferentes em diversos cartórios eleitorais de Goiás.
De acordo com o TSE, ele e pelo menos outros sete integrantes de sua família fraudaram documentos para obter títulos de eleitor, com nomes e dados falsos.
“É uma usina de fraude. Esse senhor Claudeomir, por exemplo, perdeu o direito de votar, já que não é possível identificar qual é seu título original”, diz Janino.
Precisão
No pleito deste domingo, as urnas eletrônicas completam 20 anos no Brasil. Para Janino, o abandono da intervenção humana na apuração dos votos acabou com a lentidão, erros e um portfólio considerável de fraudes.
“No passado, os resultados demoravam muito e eram acompanhados de muita suspeição. A tecnologia veio para mitigar a intervenção humana. Ganhamos celeridade, precisão, mecanismos de auditabilidade, o que aumentou a credibilidade do processo”, diz.
Depois de uma série de questionamentos ao resultado do pleito de 2014, o TSE desafiou investigadores especializados em segurança a fraudar o sistema da urna eletrônica no início do ano.
Entre as estratégias utilizadas, os grupos tentaram capturar as comunicações realizadas entre o terminal do mesário e a urna eletrônica, testaram a quebra de sigilo do voto introduzindo dispositivo para registro das teclas digitadas na urna eletrônica.
Apesar dos esforços, nenhum “hacker” teve sucesso, segundo Janino. Veja, nas fotos, o passo a passo do TSE para evitar fraudes.
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