Enterro: corpo de músico enterrado no Rio após ser fuzilado com 80 tiros por militares (Sergio Moraes/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 12 de abril de 2019 às 14h55.
Última atualização em 12 de abril de 2019 às 19h36.
Macapá — Depois de seis dias de silêncio, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que foi um "incidente" a morte do músico Evaldo Rosa dos Santos, de 46 anos, na tarde do domingo, 7, quando o carro da família foi metralhado por 80 tiros disparados por militares do Exército no Rio.
Em entrevista durante inauguração do aeroporto de Macapá, ele disse que o Exército "não matou ninguém" e que a instituição não pode ser acusada de ser "assassina".
"O Exército é do povo. A gente não pode acusar o povo de assassino. Houve um incidente. Houve uma morte. Lamentamos ser um cidadão trabalhador, honesto", afirmou.
No último domingo, dez militares dispararam contra um veículo em Guadalupe, zona norte do Rio, que supostamente foi confundido com um automóvel em que estariam criminosos. No carro estavam o músico e sua família. Evaldo morreu no local e duas pessoas ficaram feridas.
Nove militares foram presos. Na quinta-feira, eles entraram com um pedido de liberdade no Superior Tribunal Militar (STM). O habeas corpus foi sorteado para o ministro Lúcio Mário de Barros Góes, general do Exército. O teor do pedido de liberdade não foi divulgado.
"Está sendo apurada a responsabilidade. No Exército sempre tem um responsável. Não existe essa de jogar para debaixo do tapete", afirmou Bolsonaro.
Na terça-feira, o porta-voz da Presidência da República, Otávio Rêgo Barros, tinha dado a única declaração em nome da Presidência: "O presidente confia na Justiça militar, no Ministério Público militar e, a partir desse pressuposto, ele identifica e solicita até dentro da possibilidade, já que há independência de poderes, que esse caso seja o mais rapidamente elucidado", afirmou o porta-voz.