OLIMPÍADAS 2016: a tocha da união chega a um Brasil dividido / Alkis Konstantinidis/Reuters
Da Redação
Publicado em 2 de maio de 2016 às 18h54.
Última atualização em 23 de junho de 2017 às 19h18.
Talvez você não tenha se dado conta, mas as Olimpíadas do Rio começam dentro de três meses. A partir desta terça-feira, mais de 12.000 pessoas vão carregar a tocha em sua passagem pelo Brasil. Mão a mão, o fogo vai percorrer 329 cidades. A viagem deveria simbolizar uma trégua entre os povos. Nada mais distante do momento brasileiro.
Hoje, a presidente Dilma Rousseff recebe a tocha em Brasília, mas quando os jogos começarem no dia 5 de agosto, no Rio de Janeiro, quem deve representar o país é o atual vice Michel Temer. A três meses da abertura, o Brasil tem um ministro do esporte interino – o secretário de alto rendimento Ricardo Leyser, que assumiu há um mês no lugar de George Hilton. Só Deus sabe quem será o ministro em agosto.
Os estádios e as instalações estão praticamente prontas. Mas, como é rotina no Brasil, o orçamento foi estourado em 50%. Obras de infraestrutura importantes, como a limpeza da Baía da Guanabara, não foram feitas. A ciclovia Tim Maia, que entrou no pacote dos jogos, desabou.
A crise econômica e a epidemia do vírus zika podem não entrar em quadra, mas já estão comprometendo os Jogos. No início do mês, o comitê organizador desistiu de bancar o custo da tocha, de 2.000 reais por cada um dos condutores. Os ingressos estão encalhados – até agora, só metade dos 7,4 milhões totais foram vendidos.
Tudo isso somado, a bicampeã de vôlei Fabiana Claudino, o matemático Artur Ávila, a professor Aurilene Vieira de Brito e outros 11.997 brasileiros escalados para levar a tocha devem ter seu brilho ofuscado.