A campanha aposta que o candidato conseguirá herdar os votos com um discurso anti-esquerda e acenos aos mais conservadores, sem necessariamente ter a figura de Marçal (NILTON FUKUDA/AFP)
Repórter
Publicado em 8 de outubro de 2024 às 09h52.
Última atualização em 8 de outubro de 2024 às 09h54.
O atual prefeito de São Paulo e candidato à reeleição, Ricardo Nunes (MDB), rechaçou a possibilidade de fazer campanha eleitoral ao lado do influenciador Pablo Marçal (PRTB), derrotado no primeiro turno das eleições municipais neste domingo, 6. Nunes afirmou que não buscará Marçal para uma aliança neste segundo turno na capital paulista.
"No meu palanque, não", afirmou o prefeito durante agenda eleitoral no Edifício Joelma, no centro da cidade, no final da tarde desta segunda-feira, 7.
O prefeito também declarou que não procurará Marçal para conversar sobre apoio e que, caso seja procurado pelo candidato derrotado do PRTB, dirá ao influenciador que "espera que ele tenha aprendido com erros e que ele possa fazer uma boa reflexão de tudo aquilo que ele cometeu de erro e que ele siga o caminho dele". "Eu sigo o meu", disse.
Ao longo dos debates antes do primeiro turno, Nunes foi alvo de diversos ataques de Marçal, que o apelidou de "bananinha", xingou-o de "agressor" e o ameaçou de prisão caso fosse eleito prefeito de São Paulo, em referência ao caso da "máfia das creches", investigado pela Polícia Federal que apura um suposto desvio de verbas públicas destinadas ao atendimento de crianças de zero a três anos no município entre 2016 e 2020. Em julho, a PF indiciou 117 pessoas por suspeitas de participação no esquema. Nunes, que era vereador na época, não está entre os indiciados, mas foi alvo de um pedido da corporação à Justiça para a abertura de um inquérito específico. O prefeito nega participação no caso.
Na noite de domingo, após ficar fora do segundo turno, o candidato do PRTB indicou que apoiaria Nunes se ele encampasse algumas de suas propostas, como a construção de escolas olímpicas e o ensino de educação financeira nas escolas. Pouco antes, ao comemorar o resultado eleitoral, Nunes desconversou sobre a participação de Marçal e disse a jornalistas na ocasião que apoio não se nega.
Com 100% das urnas apuradas, o prefeito recebeu 29,48% dos votos e disputará o segundo turno contra o deputado Guilherme Boulos (PSOL), que obteve 29,07%. Marçal teve 28,14% dos votos, uma diferença de 82 mil votos.
O emedebista já confirmou que pretende buscar os votos do eleitorado do ex-coach. A estratégia para o segundo turno foi discutida por Nunes com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e o coordenador da campanha, o deputado Baleia Rossi e presidente do MDB, no início da tarde desta ontem.
A campanha aposta que o candidato conseguirá herdar os votos com um discurso anti-esquerda e acenos aos mais conservadores, sem necessariamente ter a figura de Marçal. A imagem do governador também deve continuar sendo explorada pelo candidato na busca pela reeleição.
Aos jornalistas, o prefeito disse, contudo, que também espera receber mais apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). "Ele deve ter um espaço maior na agenda. É curto, 20 dias, mas eu acredito que ele vai ter. Se vier, a gente vai fazer agenda juntos", afirmou.
Até o momento, Nunes já recebeu o apoio formal do PSDB, do Cidadania, do NOVO e da candidata do partido Marina Helena, também derrotada no primeiro turno. Ela cumpriu uma agenda com mulheres em apoio ao prefeito e pediu para que ele cuide das crianças da cidade.