Brasil

Número de pessoas que se declara preta ou parda cresce 14,9%

Número maior de pretos e pardos declarados é resultado do maior acesso à informação a do avanço de políticas afirmativas

Negros: Movimento é resultado do avanço de políticas afirmativas (Ibrakovic/Thinkstock)

Negros: Movimento é resultado do avanço de políticas afirmativas (Ibrakovic/Thinkstock)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 25 de novembro de 2017 às 11h19.

Rio - Seguindo tendência verificada desde a década passada, o total de brasileiros que se declaram de pele preta cresceu 6,9% entre 2015 e o ano passado. Já o número de pessoas identificadas como pardas cresceu 2% no período. O total de autodeclarados pretos aumentou 14,9% entre 2012 e o ano passado.

Os dados, da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) Contínua, foram divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Da população total, estimada em 205,5 milhões de habitantes no ano passado, 8,2%, são identificados como pretos. O contingente de pardos é bem maior, com 46,7% do total. Já os identificados como brancos somaram 44,2%. Na passagem de 2015 para 2016, a quantidade de declarados como brancos encolheu 2%.

Desde 2007, as Pnads vêm mostrando que a soma da população identificada como preta e parda supera a que se considera branca. As informações sobre a cor da pele são escolhidas, no rol de opções oferecidas, pelos próprios entrevistados. Ele pode informar livremente a cor da sua pele e das demais pessoas do domicílio.

Portanto, o aumento no contingente de pretos e pardos não está relacionado a uma possível taxa de fecundidade maior entre esses grupos, esclarece Maria Lucia Vieira, gerente da Pnad. "Esse maior número de pretos e pardos declarados decorre da miscigenação natural da população e do maior acesso à informação, que leva as pessoas a se identificarem com uma cor ou raça diferente da que se identificavam antes", afirma Maria Lucia.

Para Ynaê Lopes dos Santos, professora do Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil da Fundação Getulio Vargas (Cpdoc/FGV), pretos e pardos têm ficado mais propensos a se assumirem como tal. O movimento, desde a década passada, seria resultado do avanço de políticas afirmativas, como cotas nas universidades públicas, e do impulso que os movimentos pelos direitos dos negros ganhou com as redes sociais e a internet.

"Ao que tudo indica, esse aumento faz parte de um movimento de empoderamento", diz Ynaê, autora de um livro sobre a história das origens africanas na sociedade brasileira. "Isso é muito importante numa sociedade na qual o racismo estrutural é muito grande", complementa ela, que defendeu a ação do Estado para compensar as desigualdades.

Envelhecimento

A edição da Pnad divulgada ontem mostrou ainda que a população brasileira seguiu envelhecendo em 2016. Os brasileiros na faixa etária de 60 anos ou mais são 14,4% do total. Em 2012, quando começa a série estatística da pesquisa, essa faixa etária respondia por 12,8% da população.

Na outra ponta, o contingente populacional na faixa etária de zero a 9 anos encolheu 4,7%. São 1,3 milhão de crianças a menos nessa faixa. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Acompanhe tudo sobre:IBGENegrosRacismo

Mais de Brasil

Lula anuncia pagamento do Pé-de-Meia e gratuidade dos 41 remédios do Farmácia Popular

Denúncia da PGR contra Bolsonaro apresenta ‘aparente articulação para golpe de Estado’, diz Barroso

Mudança em lei de concessões está próxima de ser fechada com o Congresso, diz Haddad

Governo de São Paulo inicia extinção da EMTU